Mortalidade de aves e morcegos justifica paragem temporária de eólicas

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torres eólicas

As conclusões de um projeto de biodiversidade hoje apresentadas na Universidade de Aveiro (UA) defendem que as torres eólicas, onde se regista uma grande mortalidade de aves e morcegos, devem parar em certas alturas do ano.

As conclusões do projeto “Wind & Biodiversity” foram apresentadas durante o seminário sobre “Soluções integradas para a gestão da biodiversidade em parques eólicos” para reduzir e compensar a mortalidade de aves e quirópteros (morcegos).

“Há locais com grande mortalidade de alguns desses grupos, e também em alguns períodos do ano, e esse aspeto é importante, uma vez que podemos minimizar os efeitos, através de uma interrupção temporária do funcionamento das torres, em determinadas alturas do ano mais complicadas para essas espécies. Tudo isto está a ser equacionado neste projeto”, explicou à Lusa Carlos Fonseca, do Departamento de Biologia da UA.

Segundo Carlos Fonseca, o objetivo do projeto “Wind & Biodiversity”, do consórcio Bio3, que envolve o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e o Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro (IEETA) da Universidade de Aveiro, é “encontrar sistemas, seja o nível do habitat, seja o nível de dispositivos, que possam ser colocados em torres eólicas, para evitar, ou, pelo menos reduzir, o impacto dessas infraestruturas”, não só nas comunidades de aves, mas também nas comunidades de morcegos.

“Estamos a falar de dispositivos que permitam, através da emissão de ultrassons, evitar, por exemplo, a aproximação de morcegos. Esse é um dos dispositivos que estamos a desenvolver neste projeto”, concretizou.

Além desses dispositivos, as conclusões hoje apresentadas apontam para a intervenção nos parques eólicos que já estão criados, ao nível dos ecossistemas que os rodeiam, que pode passar pela sua paralisação em épocas críticas e indicam “cuidados acrescidos” na localização de novas torres.

Defendem os investigadores que, a par da viabilidade económica, devem ser estudados os impactos na biodiversidade e impedida a colocação de novos parques eólicos em rotas de migração de aves e em locais de concentração de morcegos.

O projeto Wind&Biodiversity, cofinanciado em 800 mil euros por fundos comunitários, surgiu da necessidade de, “perante o papel que a energia eólica desempenha atualmente na política energética nacional e internacional, garantir que a instalação de parques eólicos se baseia em boas regras de gestão ambiental”.

A questão ganhou recentemente nova acuidade com o lançamento, pela União Europeia, de um guia para permitir a implantação de parques eólicos em área de Rede Natura 2000.

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