Não foi preciso passarem-se muitos dias para se confirmar o que eu previa. Avisei em tempo útil num fórum partidário o que iria acontecer, porque não existiu capacidade de prever o acontecimento.
Hoje, tenho dúvidas que seja verdade o que foi anunciado e enunciado.
Coimbra e a sua zona geográfica vivem dias de alguma tensão sobre ao que à água diz respeito.
Bem público, inalienável digo eu, está a ser um joguete e a servir como arma de arremesso político.
Por um lado, a empresa Águas do Mondego é muito sólida. Bem gerida, cuidadosamente apetrechada, é uma empresa que não tem prejuízo. Pelo contrário, as águas de Leiria e Aveiro são deficitárias. Isto já eu escrevi, já foi dito por muitos, assumidos por muitos mais. Mas, o que é que na realidade transporta a necessidade do governo em reunir todas numa só?
Será verdade o que o governo diz que quer, ou estará o governo a tentar “passar o rente” e o objetivo seja outro? Tenho dúvidas, muitas dúvidas mesmo.
Se o governo está de boa-fé – o que quero acreditar – embora eu discorde como muitos outros, terei de saudar o Presidente da Câmara de Coimbra pela defesa da sua cidade e distrito.
Mas se pelo contrário, o governo não está de boa-fé – o que não significa má fé – e tudo o que está a “montar” não passa de um disfarce, então aí, a “porca torce o rabo”!
É que Coimbra e a sua região têm sido menorizadas e menosprezadas pelo poder político, sem uma voz que se faça ouvir.
Se os municípios da Águas do Mondego não quiserem assumir o princípio da solidariedade, e assumir o passivo das antes enunciadas, SimRia e SimLiz, poder-se-á desenvolver a partir daí um processo de exclusão da Região Centro do futuro mapa administrativo.
Sabendo nós que o Algarve e o Alentejo estão sós e cada um forma uma região administrativa, que Lisboa quer associar a si as falidas empresas de água até à Guarda, que a região do Porto assumirá as suas responsabilidades, Coimbra perderá o distrito de Aveiro para o Porto e Santarém para Lisboa.
Ou seja, aquilo a que denominava como grande Região Centro poderá deixar de ter razão de existir.
Eles, os outros dirão; se nem com as águas se entendem, como se entenderão para o resto?
A somar valor a tudo isto, a “Plataforma do Noroeste” – da qual também já dei nota aqui – já abrange grande parte do distrito de Aveiro.
Ou seja, Coimbra pode arriscar-se a ficar só. Só que só, não existe!
Quero acreditar que, a pretexto do negócio da água nada disto é verdade e que Coimbra assumirá a liderança da Região Centro do País.
Não passaram muitos dias sobre o esquecimento a que a Turismo do Centro foi votada. Como se esta não fosse uma região das mais ricas, senão a mais rica de bens turísticos.
Agora, esta “coisa” da água que, convenhamos, deixa-me muito apreensivo. Há coisas que cheiram a esturro. Como aquele ator que dizia, depois de deitar fogo a um bocado de papel; “cheira aqui a papel rasgado”! Não gosto de facilitar naquilo que à minha cidade e região diz respeito.
Porque “aqui” há uma região!