Lá vai 2014… De malas aviadas. Parte! Não deixa grandes saudades. Saudades há, dos que partiram para terras estranhas, estranhos na sua terra madrasta.
Um ano termina, fazem-se balanços. O balanço oficial, transmitido pelos mais altos da Nação ao povo português, não convence nem os próprios, actores de segunda da tragédia nacional. Os protagonistas escondem-se atrás de cognomes e alcunhas – troikas e mercados. Porém, aos actores mais presentes, o papel secundário não lhes retira responsabilidades. O povo que assiste, também interpreta. E pode o povo, e bem, querer o papel principal.
2014 não foi muito diferente de 2013. O governo aprofundou, quanto pôde, a sua política de direita. A calamidade social assentou quartel, mesmo que se produzam indicadores diferentes. O pão e a sopa faltaram mesmo nas mesas de muitos milhares de portugueses. Houve um tempo em que a pobreza era um mal dos pobres. Com a troika e os seus governos, a pobreza engordou, contagiou cada vez mais gente, a epidemia não pára. Destruindo ou empobrecendo as funções sociais do Estado, os remédios do governo para a pobreza ficam-se pela caridade, uma sopinha dos pobres, uma ceia de Natal no dia do Menino. Mas há Meninos todos os dias!
Desemprego, emigração, exclusão social, cortes nas funções sociais do Estado e nos serviços públicos e pobreza numa face da moeda e concentração de riqueza na outra. Com as desigualdades a crescerem. Nunca houve tantos ricos em Portugal! Razão tinha o velho Garrett, “quantos pobres são precisos para se fazer um rico?”. E 2014 trouxe à luz vários casos de corrupção envolvendo altos responsáveis do Estado.
Mas em 2014, o povo não se resignou. Afirmou-se uma frente social de resistência às políticas de direita, em defesa de interesses e direitos dos trabalhadores. Foi pela luta que se conseguiram travar desmandos maiores. À luta se devem: a devolução dos subsídios de férias e de Natal, a extinção da CES aos reformados, o horário das 35 horas em parte da Administração Local, a defesa da contratação colectiva, aumentos de salários, o pequeno aumento do Salário Mínimo Nacional.
Pequenos grandes ganhos que confirmam a velha lição de que quem luta pode ou não triunfar, mas que quem se rende e não luta perde sempre
Em 2014 cumpriram-se quatro décadas de Abril. Aquela manhã inicial, inteira e limpa que Sophia cantou. Revolução que o povo, após o golpe militar progressista, fez nas ruas e nos locais de trabalho. Direitos, liberdades e garantias de um povo transcritos para o papel e transformados em Lei das Leis em Abril de 1976. Quarenta anos depois, Abril está por fazer.
Amanhã, começa um novo ano.2015.Com a esperança e a confiança que se traduzirão em luta por melhores condições de vida para o povo português. Melhores salários e pensões, o fim da fome e do empobrecimento, com trabalho digno e com direitos em Portugal. Com uma segurança social, a justiça, a educação e um serviço nacional de saúde para todos.
Sonhos e desejos para 2015. Possíveis com outro governo que adopte outras políticas ao serviço do povo e da Pátria. Mas os sonhos são possíveis. Transformemos o sonho em vida! Os portugueses merecem!