O último congresso dos socialistas deixou algumas indicações curiosas. Congresso realizado sob o signo da detenção de José Sócrates, existiu a necessidade de fazer esquecer, pelo menos por 48 horas, o seu nome e a sua acção política. Acção política diga-se, com que muitos socialistas concordam…como alguns também concordaram no passado. Que eu saiba, ninguém a seu tempo se demarcou! Mas isso “são contas de outro rosário”!
Diz-se que o PS virou à esquerda. Tentei por várias vezes que me explicassem o que realmente é isso, partindo da premissa que o PS é de esquerda! Ninguém me conseguiu explicar, o que evidencia de imediato que tal frase é mesmo só isso, e sem nenhum significado político/ideológico.
Se virar à esquerda significa fazer alianças com o PCP e Bloco de Esquerda, parece-me difícil, embora António Costa tenha dito, que os partidos à esquerda do PS – lá voltamos à questão da esquerda! – se deverão comportar de outra forma num futuro próximo. Esta é que na verdade não percebi. É que, segundo me pareceu e posso estar bem enganado, quem deu a vitória a António Costa contra António José Seguro, foi uma franja do Centro, a mesma franja que dá as vitórias eleitorais a PS e PSD de forma alternada.
Das duas, uma. Ou Costa acha que pode afirmar uma coisa hoje e uma diferente amanhã, e com isso baralhar, porque por vezes no baralhar é que está o ganho, ou deseja entregar o centro decisório ao PSD e ao CDS/PP, o que seria algo impensável para Portugal. É que, numa situação destas, PSD e CDS/PP aproveitar-se-iam de um erro de estratégia, consumando o seu poder por muitos e bons anos, o que para a democracia não seria de todo desejável, porque deixaria de existir alternância de poder. Muitas vezes não é o que sentimos que se torna verdadeiro. A verdade, que só existe num primeiro momento porque a seguir pode deixar de o ser, é algo que não se consegue explicar, mas sentir. A verdade não é uma análise mas um sentimento. Traduz-se momento a momento em função dos dados que surgem…tantas e tantas vezes do inesperado! Um erro clamoroso, ainda por explicar, é o facto de Francisco Assis não ter usado da palavra. Para o pior e o para o melhor ainda é Deputado Europeu, perto do verdadeiro poder, e não se pode afirmar que a sua colaboração tenha sido intermitente. Parece que o PS não aprendeu com os seus melhores líderes, os quais “puxaram” sempre para o seu lado os melhores críticos da sua acção política. Não. Não é uma forma de comprar a sua consciência, antes, encontrar na divergência de opiniões o, ou um denominador comum para a acção política.
Mesmo não o desejando, PS e PSD vão ser obrigados a dialogar. Nem que seja por um imperativo nacional. Podem-se “torcer todos” e até de várias formas, mas no fim e no limite, perceberão que a sua soma são cerca de 75% da opinião dos portugueses.
Como já escrevi em 2011, PS e PSD estão condenados a entender-se. Estes ou outros, melhores ou piores – sendo que pior será difícil – porque o País clama por uma política que coloque os cidadãos no centro da acção governativa.
Esta é uma realidade de que ninguém se libertará nas próximas décadas, embora eu pense que nos próximos 20 anos, uma mistura far-se-á naturalmente e a alternância se fará de forma natural. Uma esquerda e uma direita!
A desgraça é grande para prescindir de alguém!