Bruxelas estava há anos informada do Metro Mondego, diz ex-presidente da CCDRC

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NORBERTO PIRES 2

Um antigo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro disse hoje que o Metro Mondego chegou a ter financiamento no Programa Operacional Regional e que a Comissão Europeia estava a par do projeto há vários anos.

As verbas para o metro estiveram no programa Mais Centro e “tinham de ser do conhecimento de Bruxelas”, disse à agência Lusa Norberto Pires, que liderou a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) de fevereiro a julho de 2012.

Há uma semana, a presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, disse que a Comissão Europeia não estava informada oficialmente do projeto da empresa Metro Mondego (MM) e que, até julho, “estava tudo por fazer”.

Bruxelas “conhecia o projeto dos jornais, mas nunca lhe foram apresentados detalhes técnicos e os estudos” para instalar o metro em Coimbra e no ramal ferroviário da Lousã, lamentou.

Norberto Pires quis este ano regressar à presidência da CCDRC, mas foi preterido pelo Governo, que escolheu Abrunhosa para suceder a Pedro Saraiva.

O metro “era bandeira de várias câmaras municipais”, mas “era também um objetivo estratégico da região” inscrito no Plano Regional do Ordenamento do Território (PROT), adiantou Norberto Pires, atualmente vereador do PSD (oposição) na Câmara de Condeixa.

Ana Abrunhosa foi vogal do Mais Centro, de 2010 a 2014, após ter ocupado a vice-presidência da CCDRC, coadjuvando Alfredo Marques.

Quando Norberto Pires assumiu a presidência da CCDRC, em 2012, após Alfredo Marques, este esclareceu que “o dinheiro atribuído ao MM” passou do Mais Centro “para um fundo nacional”, mas que lhe tinha “perdido o rasto”.

No projeto do metro, já foram gastos 140 milhões de euros, sem recorrer a fundos europeus.

Após iniciar funções na CCDRC, Norberto Pires alertou a administração da MM “para a necessidade de recuperar as verbas que tinham saído” do Mais Centro e preparar “novas oportunidades” de financiamento.

O metro “foi sempre algo mais falado do que realmente planeado e executado”, acusou o ex-presidente da CCDRC.

“Como é possível levar a sério uma região que diz que ainda vai fazer estudos de viabilidade económica?”, perguntou, ao rejeitar uma eventual opção por autocarros elétricos no Ramal da Lousã para “resolver um monumental problema criado com o MM”.

No dia 06, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, reiterou a promessa de repor o serviço na linha encerrada há cinco anos.

Passos Coelho admitiu, em Miranda do Corvo, que a solução pode passar pela introdução de um autocarro elétrico.

Se aceitarem esta opção, os responsáveis políticos e da MM mostram que “não têm confiança na solução técnica anteriormente desenhada e que a viabilidade económico-financeira não está devidamente estudada”, comentou Norberto Pires.

Um estudo da autoria do professor universitário Manuel Tão recomenda o relançamento do transporte ferroviário, investindo 57 milhões de euros, menos de metade dos 130 milhões ainda necessários para o troço suburbano do metro.

“A não serem contestadas técnica ou financeiramente”, propostas como esta “colocam a nu a fragilidade de todo este processo”, concluiu Norberto Pires.

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