Opinião – Acrescentar valor à economia com criatividade

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António Veiga Simão

António Veiga Simão

Com esta coluna pretende-se abordar a criatividade enquanto estratégia competitiva para o desenvolvimento económico. É facto que, actualmente, as sociedades se encontram perante um novo paradigma, no qual a influência dos aspectos intangíveis derivados do pensamento criativo é fundamental na oferta de novos produtos, serviços e métodos de gestão.
Transmitir conhecimento sobre o tema, sistematizando conceitos, modelos, tendências, estudos, autores e experiências é o objectivo fundamental do presente texto e dos que se seguirão.

A abordagem à criatividade e ao seu contributo para o desenvolvimento económico é uma recente preocupação política, iniciada há 20 anos pelo governo australiano, com a publicação do relatório Creative Nation, ( 1994 ).

A primeira década do século XXI tem sido marcada pela incorporação da criatividade nas políticas de desenvolvimento económico das nações. Os setores de atividade criativos têm vindo a apresentar indicadores muito positivos no que respeita ao seu valor na economia, apresentando particular resiliência a crises económicas e financeiras.

Sobre a resiliência que estes setores têm apresentado, na economia europeia, refira-se o relatório sobre a Competitividade Europeia, SEC ( 2010 ), onde se menciona que as indústrias criativas da UE – 27, empregaram, em 2008, cerca de 6,7 milhões pessoas, o que representou 3,0% do emprego total, tendo sido responsáveis por 3,3% do PIB total em 2006. Ainda, sobre o contributo destas indústrias na criação de emprego, em particular o jovem, atente-se nas conclusões do Inquérito Europeu às Forças de Trabalho (LFS, 2008 – 2011 ), que indicam que o emprego jovem apresenta, nestes sectores, uma empregabilidade mais elevada do que no resto da economia.

Da mesma forma, uma percentagem crescente da população encontra emprego nas ocupações criativas da economia. Na UE – 15, o emprego em ocupações criativas cresceu cerca de 3 % ao ano, em média, entre 2002 e 2008, sendo também notório que as ocupações criativas estão a aumentar para o exterior do setor, indiciando que estão a polinizar outros sectores da economia.

Internacionalmente não existe uma definição normalizada nem um modelo homogéneo, comummente utilizado, que analise a contribuição económica da criatividade.

A miríade de modelos e consequentes análises que, se têm produzido, sobre a criatividade e sua contribuição para a economia, tem obstaculizado a uma clara identificação dos setores económicos que usam a criatividade enquanto matéria-prima.

A não existência de uma definição standard tem conduzido ao estudo e divulgação de vários conceitos (indústrias criativas, indústrias culturais, indústrias culturais e criativas, setores culturais e criativos, classe criativa, cidades criativas, cluster criativo, economia criativa e ecologia criativa) que apresentam semelhanças e diferenças na abordagem. No entanto, todas têm em comum a criatividade enquanto catalisador do desenvolvimento.

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