Ricardo Castanheira
Portugal anseia por uma Marina! Marina Silva, há um mês apenas, era candidata a Vice-Presidente de Eduardo Campos, que, então, estava em terceiro lugar com apenas 9% e acabou morrendo inusitadamente num acidente de avião.
Subitamente, num misto de consternação, comoção e indignação o Brasil vislumbrou em Marina uma espécie de “salvadora da pátria”. Tendo uma “nova política” como bandeira e uma postura de “outsider” foi ganhando terreno e, hoje, passados apenas 30 dias, é a principal candidata ao Palácio do Planalto.
As sondagens reiteradamente dão Marina como vencedora, os outros candidatos (Aécio e Dilma) apontam-na como adversária principal e os mercados já reagem ao seu nome. Impressionante. O Brasil, desta vez, será um caso de análise política global.
Marina tem na sua base de apoio pequenos partidos, mas uma grande dose de intervenção cívica. Uma certa motivação anti-sistema e a denúncia dos vícios partidários (que no Brasil são manifestamente muitos) faz de Marina uma candidata que ninguém sabe ao certo o que pensa, mas também não interessa, porquanto pensa diferente e é isso que conta. Os grandes partidos apoiam Dilma e Aécio e estão completamente perdidos na estratégia e no tipo de reações a este novo fenómeno.
O mais interessante dado é que Marina como Vice-Presidente de Eduardo Campos apenas contribuía para os 9%, mas como cabeça de cartaz vale bem mais de 40%. Ou seja, o eleitorado sabe distinguir e compreende melhor do que se pensa as diferenças de discurso e de protagonismo.
Portugal, na minha opinião, está muito próximo de adotar uma reação semelhante. Os portugueses estão mais do que nunca abertos a projetos de ruptura com o atavismo partidário e o mofo dos partidos tradicionais.
Marinho Pinto é apenas um pequeno exemplo do potencial existente. O triste espetáculo das eleições internas no PS (com denúncias, casos de polícia e falcatruas), associado ao desencanto com a mórbida gestão do governo PSD/CDS ajuda a essa predisposição para a mudança. Venha a Marina à portuguesa!
