Norberto Canha
Vi numa fotografia de um jornal, ou na TV, recentemente, um jovem atlético, encostado a um cajado, na Serra do Gerês (?), biólogo, a guardar cem cabras.
Recordei então, o quanto me antecipo aos factos, já lá vão 30 anos, numa aula teórica de medicina vi os alunos tão preocupados com o seu futuro por se avizinhar a falta de emprego, que me voltei para Eles e digo: “Não se preocupem; com os conhecimentos que têm, podem vir a ganhar a vida, nem que seja a tratar de abelhas. Ao fim de um ano, cada um de vós, se se dedicasse às abelhas, como têm de se dedicar aos doentes, ganhava o suficiente para tratar dos doentes (nem que fora nas horas vagas) e seriam melhores que qualquer outro a tratar das abelhas”.
Nessa altura, tinha 165 colmeias; agora tenho as colmeias, mas sem abelhas. Importaram a doença – varroa – não importaram a cura. É que, suponho, na proveniência do mel importado, provavelmente, as abelhas já se sabem catar, cá, pobrezinhas e pobrezinhos de quem as tem, só as podem ver morrer. Na última colheita tive 1200 quilos de mel (!).
Como nada funciona, muito menos funciona o ministério da Agricultura e duas estruturas vitais como são: a Estação Zootécnica Nacional e a Estação Agronómica; um quilo de carne paga-se na praça por tanto ou mais que um quilo de sardinhas. Se tiveres uma ovelha doente, é preferível deixá-la morrer e comprar uma nova, que te fica mais barata, que eu pago ao veterinário por vir observá-la. Já não incluo o preço dos medicamentos!
Na nossa Coimbra, surpreende-me que já não encontro – entenda-se, das férias até ao momento – transportes públicos movidos a electricidade, pelo menos no circuito dos Olivais-Estação Nova. Surpreende-me, porque, no futuro, todas as máquinas passarão a ser movidas a electricidade, pois vão-se esgotando os recursos fósseis do planeta…
A salvação do País e o pleno emprego só se terá com a autossuficiência alimentar e na produção de energia eléctrica e de maquinaria que a utilize.
Desperte o País, os Senhores Sábios (universitários ou não) antecipemo-nos ao que irá acontecer. Candeia que vai à frente alumia duas vezes!…
Só então se poderá dizer, somos livres!…
