Os escolhidos para governar a aldeia (o método referido considero melhor que o atual, até porque este é pago, por isso muito disputado e de obediência central) devem de imediato pôr em execução o seguinte plano (já que é a aldeia alimenta a vila e a cidade), antes que faleçam os que ainda sabem, e estão a acabar:
– Na área da aldeia o que se produzia, onde se produzia, quanto se produzia e a quem pertencia;
– Se eram terrenos que tinham ou poderão ser irrigados ou apenas terrenos de sequeiro e magros;
– Como era a estrumagem e a qualidade de adubos e a composição especificada em sais minerais;
– Épocas em que se procedia a sementeiras;
– Sistemas utilizados para a conservação dos frutos e cereais.
2 – Meios hoje predominantemente mecânicos para as actividades agrícolas. Creio que os de tração abundam nas aldeias, sem utilização ou com pouca utilização, dado a agricultura dar prejuízo a todo o agricultor.
3 – Quem da aldeia não tem emprego na vila ou na cidade e está a sobreviver à custa dos subsídios, a estender a mão à caridade ou a tirar cursos sem qualquer utilidade e aplicabilidade tenha onde trabalhar.
4 – Que se estabeleça uma onda de receptividade e vontade de trabalhar, como sucedeu quando vieram os retornados, que foram a seiva que deu vida ao país descrente.
5 – Recomendar que o ensino da agricultura deve ser ensinado na escola até finalizar o ensino secundário, pois haverá sempre trabalho desde que se queira trabalhar; trabalho esse que comporta também a produção animal.
6 – Tem que haver técnicos competentes, com prestação de apoio aos agricultores, como já houve, o que hoje não sucede.
7 – Tem que a ASAE ser servida por pessoas que tenham experiência de vida, das dificuldades da vida, e não apenas meninos bem ou mal comportados que põem em prática rigorosa, sem complacência, como de computadores se tratassem, o que lhes mandam fazer!
8 – Quem tem o poder deve ter a sensibilidade de dar o exemplo e agregar à sua volta os mais capazes, incluindo-se o sacerdote e o professor(a) primário(a). Todos trabalharem no duro, como os agricultores eram capazes de fazer para evitar que lhes falecesse um animal ou morresse uma árvore, aos quais estavam afeiçoados, como se de uma pessoa de família se tratasse.
9 – O Estado que deixe de impostor e imposteiro e, por ignorância de quem nos tem governado, cada dia que passa é mais negro do que o que o antecede. Oiçam quem se julga saber alguma coisa. Eu sou, por enquanto, convicto em me orgulhar de ser cidadão europeu e um pouco cidadão de todo o mundo. Mas a continuar-se assim não me quero vir a arrepender de assim ter pensado – cidadão europeu.
Arranjem, que há, políticos para que a União Europeia, para que a União Europeia não seja escrava dos cultores das Ciências Jurídicas e Empresariais; todos terão o dom da palavra, mas não do que há que fazer e como fazer.
10 – Para recordar:
– Um mini Conselho de Ministros, para que fui convidado conjuntamente com o presidente da câmara (era eu então presidente da Assembleia Municipal e da Cooperativa), pus o seguinte problema: Instruções para a agricultura? Respondeu o ministro: “Isso é para a actividade privada; o Amorim até faz saias de cortiça”. Respondi: “A agricultura é uma actividade estrutural; o Estado é que tem que definir as regras; o agricultor já nem pode pagar impostos”. Fala quem preside: “Eu tenho um amigo que colhe 20 mil contos de milho”. Riposto: “É no Vale do Tejo?”. Era!
Foi-me prometido viabilizar o Cachão, que não foi. O engenheiro destacado para presidir ao conselho de administração disse: “Era para acabar com ele”. Assim procedeu. 3 – Para afirmar: todos os governos a seguir ao 25 de Abril são responsáveis pela crise da agricultura e do País, em que nos encontramos. Não terão apenas responsabilidade aqueles que tiveram como ministros da Agricultura: António Barreto, Vaz Portugal, Soares Costa. Estes dois últimos deve-se a Carlos Alberto Mota Pinto, que ainda tinha as raízes implantadas na proximidade da aldeia.