Sob o aspecto político, ao Governo do Estado é-lhe confiado o cidadão. E o princípio de que aqueles que nos são confiados, antes demais, não devem ser prejudicados, deveria ser reconhecido como tão fundamental como é para a medicina ( médico vs paciente).
Em vez disso, a moda são os objectivos “superiores”, objectivos tipicamente financeiros, tipificados e, na verdade, absurdos, tais como o “pleno equilibrio orçamental”, sendo ciência exacta que «uma folha de papel» aceita tudo – mais um zero à direita, um sinal + ou – à esquerda.
Por consequência, as tentativas para impôr, por histeria, por nevrose, por obsessão, tal desiderato não só resultam mal sucedidos como se deve insistir em que causam prejuízos – provocam algo muito mais concreto e público do que os objectivos visados.
Dever-se-ia talvez admitir que a «ética» financeira, a doutrina que o deficite do Estado , como um fim sacrossanto, terá que ser equilibrado – Pacto Orçamental – pode ser classificada como de “pomposidade ferrugenta”, “voluptuosidade intelectual”, “brilhante espiríto de podridão” que conduz, necessáriamente, a esse ” abjecto esplendor de corrupção” intelectual e material, onde os exemplos, já não são exemplos, são prática corrente – na realidade, está introduzido esse elemento neurónico da dominação e da submissão.
E disto, num Regime Democrático e Estado de Direito não precisamos. Precisamos, isso sim de ÉTICA governativa. Essa ética não precisa ser inventada. Não é nova. Foi propagada pelo cristianismo, pelo menos, nos seus primórdios. É propagada, de novo, pela cooperação económica e cientifica de nossos dias.
Precisamente. Tentar persuadir-nos de que bastará acertarmos o passo com o deficite para tudo correr bem, não sendo requerido qualquer decisão humanista da nossa parte, é transferirmos a nossa responsabilidade para o jogo das forças demoníacas que estão para além de nós.
Concretamente. Se abandonarmos a ideia de que a história do poder é o nosso juíz, se nos deixarmos de preocupar em saber se a história nos justificará ou não, então quereremos conseguir que o poder seja controlado- sem causar danos.