Opinião – Descalabro

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Norberto Pires

Norberto Pires

 

O que está a acontecer no BES é de uma GRAVIDADE EXTREMA e é BEM A IMAGEM deste REGIME e da FALTA DE QUALIDADE E VERGONHA dos seus líderes. Coloca em causa quase todas as entidades públicas que nos últimos dias se apressaram a garantir tudo e mais alguma coisa sobre o banco, os administradores, etc.

Das contas semestrais divulgadas ontem ( 30 de Julho de 2014 ) ficamos a saber:
1 ) O BES apresentou prejuízos superiores a 3.5 mil milhões de euros (Nota: eram 200 milhões há pouco mais de 1 mês e todos os responsáveis, incluindo Banco de Portugal, CMVM, responsáveis políticos, etc., garantiam ser suficiente a almofada financeira existente no valor de 2.1 mil milhões de euros);
2 ) O custo das imparidades detetadas é superior a 4.2 mil milhões de euros;
3 ) A lista de irregularidades é de tal forma grave que não se percebe como é possível nunca ter sido detetada por reguladores, supervisão, etc. Especialmente nesta altura em que era suposto o país estar sob apertada vigilância da troika.

Nota muito importante: nas contas não está refletido o desastre que é o BES Angola (BESA) porque, assumem os auditores, as imparidades do BESA estão garantidas pelo Estado Angolano, como descrito na garantia pessoal do Presidente José Eduardo dos Santos. No entanto, como o BES tem 55,71% do BESA e o buraco no BESA é superior a 5.7 mil milhões ainda vamos ter surpresas por esse lado.
Entretanto, em comunicado, o Banco de Portugal retira direito de voto à família Espírito Santo, suspende administradores ligados à supervisão, etc.

O Governador do Banco de Portugal admite finalmente consequências de índole criminal sobre do ex-CEO do BES. Mas o Governador do Banco de Portugal já se esqueceu do comunicado de 5 de Fevereiro de 2013 em que garantia, perante informações públicas de que Ricardo Salgado se tinha “esquecido” de declarar 8,5 milhões de euros ao fisco, que não estava em causa a referida idoneidade?
Vêm-me à cabeça outras perguntas que considero relevantes:
Por que razão em Portugal nunca se tomam medidas preventivas, e quando algo sai da norma se iniciam imediatamente investigações para perceber o que está a acontecer?

Por que razão se deixa tudo andar até que as coisas tomam dimensões gigantescas?
Um “polícia” não pode ser responsabilizado pelo crime que não viu (essa responsabilidade é dos criminosos), mas deve ou não ser questionada a sua competência quando se percebe que teve indícios que, aparentemente, decidiu não valorizar ou não investigar mais a fundo?
Em que ficam as palavras dos altos responsáveis da Nação, incluindo o Presidente da República e o Primeiro-Ministro, se o BES tiver de ser intervencionado com dinheiros públicos dada a mega-dimensão dos prejuízos?
Qual é o impacto deste mega desastre financeiro na gestão dos fundos comunitários do QREN, sabendo que o BES alavancou uma parte muito significativa de investimentos financiados pelo QREN relacionados com obra pública?
Como é possível isto acontecer, sem o mínimo de informação prévia, num banco líder em Portugal (com mais de 20% de cota de mercado), essencial às PME, financiador do Estado, etc., ou seja, com impacto verdadeiramente sistémico, depois da mega vergonha e descalabro que foi e é o BPN?
Como é possível entender as várias declarações de responsáveis do regime feitas ao longo deste tempo, em que desvalorizavam tudo e todos, perante a enormidade e gravidade das informações reveladas ontem?
Como é que perante este descalabro ainda ninguém está preso?

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