Opinião – Uma dura realidade

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Gil Patrão

Gil Patrão

O Eurostat divulgou custos da mão-de-obra (sem administração pública e setor agrícola) na União Europeia (UE), em 2013. O custo médio apurado foi de 28,4 € por hora na UE, atingindo o valor médio na zona Euro 23,7 €/h. Por cá, atingiu apenas 11,6 €/h o que, embora abaixo das médias europeias, põe em causa estratégias de crescimento baseadas em mão-de-obra barata!

Importa ver com quem nos queremos comparar. Na Europa mais pobre, o custo médio foi muito inferior ao nosso: 3,7 €/h na Bulgária e 4,6 €/h na Roménia. E os 6,2 €/h da Lituânia quase igualam os 6,3 €/h da Letónia. Mas a comparação com a Europa mais rica mostra a distância da Suécia, que lidera com 40,1 €/h, Dinamarca ( 38,4 €/h), Bélgica ( 38 €/h), Luxemburgo ( 35,7 €/h) e França com 34,3€/h e evidencia as falhas do modelo económico da UE, com 28 membros!

Temos de facto uma Europa a várias velocidades, o que agrava desigualdades, resultantes quer da abertura da economia comum a países terceiros, com custos de mão-de-obra menores, quer de outras políticas económicas que, se promovem a Europa dos ricos, pela via das exportações de máquinas e equipamentos sofisticados, desvalorizam que facilitar importações desses países de produtos mais elementares, aprofunda desequilíbrios nos países europeus do sul e do leste, parceiros dum bloco económico que já conta com mais de 500 milhões de habitantes!

Daí decorre a urgência em concebermos um novo modelo de desenvolvimento nacional, pois se temos índices de desenvolvimento humano mais parecidos com os países ricos da UE do que com aqueles que ainda há pouco pertenciam a outro bloco político e económico, estes últimos países, com os fundos europeus, virão rapidamente para os níveis que atingimos com as ajudas recebidas da UE, fragilizando ainda mais a nossa posição competitiva na União e no Mundo.

Não reforçámos a competitividade com faraónicas obras de betão, demasiadas auto-estradas, tantas rotundas e outras obras em que gastámos fundos europeus. Se analisarmos as mudanças havidas, por exemplo, no emprego e nas empresas, questionaremos certamente o modelo de desenvolvimento seguido nos últimos anos.

Com as ajudas recebidas, aproximámos o nível de vida à média europeia. Sendo verdade, foi por demais insuficiente. Basta meditar no significado dos números atrás elencados, não esquecer a multidão de desempregados e o subemprego que temos e refletir nos dados recentes do INE sobre o enorme crescimento da pobreza em Portugal! São indicadores chocantes da nossa dura realidade! Pelo que é forçoso relançar a Economia!

O que implica apostar na inteligência nacional, para aproveitar recursos naturais, valorizar o que nos diferencia como país e aumentar a nossa produtividade e competitividade. Para fazer valer a magia do magnífico clima e bom ambiente e desenvolver mais e melhor a indústria, serviços, energias endógenas e renováveis (a nossa floresta, se for transformada em biocombustíveis, diminuirá importações do ouro negro, que tanto nos custa).

Para vender nos mercados externos mais produtos hortícolas, frutas, vinhos de qualidade ímpar e outros produtos agrícolas, agro-industriais, industriais e serviços, promovendo também o turismo de todo o país. Ou para, do nosso mar, fonte de riqueza pelo pescado, passar a extrair e transformar produtos de alto valor, desenvolvendo a economia azul. Em suma, tudo teremos de fazer, para dinamizar a Economia!

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