Opinião – Porquê António Costa?

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Luís Marinho

Luís Marinho

Diferentemente do que os partidos propõem nos momentos eleitorais, o seu quotidiano apela muito mais à estabilidade do que à mudança. Não só, porque para os líderes a estabilidade é uma condição da continuidade do seu poder, mas também porque os militantes convivem melhor com a rotina do que com a ruptura.

Quem manda não arrisca e os outros não gostam de escolher. Por isso, o “abre-te sésamo” da convivência militante é a palavra unidade. Como se a democracia se esgotasse nela e não fosse, antes de tudo, o respeito pela diferença. Embora não se confessem, das bases às cúpulas, todos conhecem este pressuposto subliminar da vida partidária. Daí que, quando a estática dá lugar à dinâmica, a reacção instintiva é encontrar o culpado. Aquele que “agora quando tudo estava tão bem!”, veio romper o equilíbrio dominante. É então que a razão se afoga na emoção e o que deveria ser debate se transforma em combate.

Se alguma maturidade o partido tiver, esgotada a emoção, uma outra síntese se cristaliza num novo equilíbrio. Se tal não acontecer, os partidos arriscam a credibilidade e afundam-se na opinião pública. Embora a dialéctica tenha riscos, é ela que previne que os partidos sejam um fim em si mesmo. Em democracia não há poderes ungidos e sagrados e o risco vale sempre a pena, se abrir as portas à oportunidade de um tempo novo.

É esse o contributo histórico de António Costa. Desmontar o que aprendemos nos últimos três anos de pesadelo governativo, criado por uma jovem geração de pregadores de amanhãs que cantam. Que se reveem numa sociedade “liberta” do Estado, do trabalho, dos velhos e dos pobres. Rejeito essa libertação e quero a governar Portugal, uma geração forjada na experiência, onde não faltem os cabelos brancos ganhos com ela.

Essa, tem-na António Costa, adquirida na partilha das virtudes e dos defeitos, das vitórias e das derrotas, suas, mas também daqueles que acompanhou ou discordou, sejam eles Mário Soares, Jorge Sampaio, António Guterres ou José Sócrates.

A sua militância histórica não faz dele um homem de serviço ou ao serviço. Faz dele um camarada. É um homem de partido, e um homem de governo. É um homem de parlamento, mas também um homem de autarquia. Aí, empenha-se hoje na aventura da criação de um futuro para a cidade, onde só triunfa, como ele, quem se solidariza, porque conhece os dramas da pobreza, da exclusão e da insegurança, de todos os grupos etários e sociais que povoam Lisboa. Os portugueses conhecem-no e tudo indica, acreditam nele. Porque não deveriam seguir o seu exemplo, os seus camaradas e amigos do PS?

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