Em fim de ciclo do programa de assistência financeira, Carlos Silva, secretário-geral da UGT, faz o “ponto da situação” laboral no país do pós-troika e projeta a intervenção da central sindical no regresso da concertação social, distinguindo o que é intocável do que é negociável
O que trouxeram estes anos de troika ao sindicalismo?
Trouxeram problemas e amarguras. Por um lado, há um esbulho de direitos, perda de retribuição, cortes de complementos e de pensões que nunca tinha acontecido. Por outro lado, a relação entre os trabalhadores e o Estado, sobretudo aqueles que viram as suas pensões diminuídas, está posta em causa. Os trabalhadores da Administração Pública, e de uma forma geral todos os trabalhadores, foram tremendamente penalizados.
Cada vez mais os trabalhadores sindicalizados perguntam: com todas estas perdas, onde está a nossa força?
Tudo isso é verdade mas os sindicatos são confrontados diariamente com o poder político. Quem determina as regras e as leis, em democracia, é o poder político, não são os sindicatos. Nós tentamos enfrentar e contornar os problemas, mas é muito difícil e nestes três anos de troika, então, foi ainda muito pior.
Em que pé está a concertação social?
Nestes três anos, praticamente não existiu. O Governo esvaziou-a. Só foram retomadas as reuniões periódicas no mês passado.
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