Opinião – A hora da ruptura

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Santana-Maia Leonardo

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Portugal está de tal forma desequilibrado que já deixámos de ser um país uno e indivisível para passarmos a ser dois países morfológica e socialmente diferentes, bem delimitados territorialmente. E o desequilíbrio é tanto mais chocante quando é certo que foi financiado e vai continuar a ser financiado com fundos comunitários pedidos em nome de um país pobre e periférico para serem investidos no país rico.

Até no caso do salário mínimo, os dois países são diferentes. As poucas e pequenas empresas que ainda garantem algum emprego no interior despovoado e pobre não podem pagar o mesmo que as sediadas na faixa litoral Lisboa – Porto porque não têm mercado, tem de cobrar pouco, vender fiado e a prestações, etc.

Mas os senhores de Lisboa estendem as suas leis a todo o território nacional como se o país fosse o mesmo.

Veja-se o caso da reforma do mapa judiciário em que a ministra tem o descaramento de justificar a reforma com a vontade do Governo de levar as especialidades de Lisboa ao país pobre como se os pobres de Mação e Ferreira do Zêzere tivessem metropolitano à porta para ir ao tribunal a Santarém.

Veja-se a reforma do sistema eleitoral que está em agenda. Círculos uninominais com um círculo de correcção nacional? Isto seria defensável se fossemos um país equilibrado, caso contrário a faixa litoral Lisboa – Porto fica com os deputados todos, quer por via dos círculos uninominais, quer por via do círculo nacional. Além disso, estabelecendo-se um vínculo maior entre o deputado e o eleitor, a esmagadora maioria dos deputados vai defender, de uma forma ainda mais empenhada, quem os elegeu: ou seja, a faixa litoral Lisboa – Porto.

Está na hora da ruptura com a República de Lisboa! Não podemos continuar a ser tratados pelos nossos governantes como os “pretinhos” de África com quem os líderes mundiais gostam de tirar uma fotografia, quando os visitam, para mostrar aos amigos e demonstrar que não são racistas.

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