Empresa têxtil da Guarda nunca teve “convulsões” laborais

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2120b688-7116-42bb-bb36-d6eddfa50989_LARGE (1)A empresa Têxtil Manuel Rodrigues Tavares, na Guarda, viveu o período do 25 de Abril sem “convulsões” laborais e a produção não foi afetada pela revolução, disse à agência Lusa o administrador Pedro Tavares.

“Com o 25 de Abril, não houve convulsões. Nem antes, nem depois do 25 de Abril houve problemas laborais, mas acho que isso teve muito a ver com a Guarda e por a empresa ser a única têxtil na cidade”, referiu.

Segundo Pedro Tavares, “ainda hoje, na empresa, não há delegado sindical e não tem sido preciso”.

Para este cenário, tem uma explicação: “Sempre que um trabalhador tinha problemas, falava com os patrões e, dentro das possibilidades, esses problemas eram resolvidos. Isso ainda hoje acontece comigo”.

“Os meus pais eram patrões trabalhadores e as relações laborais eram boas e, por vezes, até trabalhavam lá famílias inteiras”, acrescentou.

Segundo o empresário, a Revolução dos Cravos também “não influenciou a laboração” da fábrica têxtil, assumindo que a produção atual “é idêntica” àquela que se verificava há 40 anos.

“Isso acontece porque, quando apareceu o 25 de Abril, a fábrica era uma unidade super moderna, por isso estava preparada. E nós tivemos anos de ouro até à globalização, no início de 1990, quando a indústria têxtil se começou a deslocar para a Ásia”, disse Pedro Tavares.

A unidade de produção de fio cardado para a indústria de malhas, tapetes e lanifícios, viu, no entanto, alterado o perfil dos seus clientes.

Antes da revolução, “o fio ia quase todo para clientes de Portugal e de Espanha”. Na atualidade, exporta “cerca de 50% da produção diretamente para países como China, Japão, Itália e Polónia” e, indiretamente, por via dos clientes, que fazem o artigo final, “mais 40%”, indicou o empresário.

A Têxtil Manuel Rodrigues Tavares tinha 220 trabalhadores antes do 25 de Abril e hoje tem cerca de metade.

Em 1974, o volume de negócios era “o equivalente a quatro milhões de euros” e atualmente “anda na ordem dos oito a nove milhões”, disse o administrador da unidade fabril cuja fundação remonta a 1920, com o aparecimento de uma pequena manufatura na freguesia de Trinta, Guarda.

Em finais de 1950, o seu fundador, Manuel Rodrigues Tavares, transferiu a atividade industrial daquela aldeia, que teve luz elétrica primeiro do que a Guarda, para a cidade.

Mais tarde, a fábrica pertenceu aos filhos José Henrique Tavares e Fausto Tavares, que também instalaram na cidade um lavadouro de lãs.

A Têxtil Manuel Rodrigues Tavares, atualmente administrada pelos primos Pedro e Manuel Tavares, possui um moderno lavadouro de lãs, próximo da aldeia de Gata, nos arredores da cidade, onde emprega 35 pessoas.

O complexo industrial está preparado para, a qualquer momento, também receber a unidade têxtil que funciona no centro da Guarda.

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