Opinião – Estudos díspares sobre os alvos da austeridade

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Eugénio Rosa

Eugénio Rosa

Face às críticas generalizadas que acusam a política de austeridade imposta a Portugal de estar a agravar as desigualdades, em Janeiro 2014 o FMI produziu um estudo – “Fiscal policy and income inequality” – muito divulgado nos media portugueses, onde procura provar o contrário.

Segundo o FMI, as “medidas de consolidação fiscal”, ou seja, as políticas de austeridade, determinaram, em Portugal, no período 2008-2012, uma redução de 5,5% no rendimento disponível das classes “inferiores” (bottom), ou seja, de baixos rendimentos, e uma diminuição de 10% no rendimento disponível das classes ”superiores” (top), ou seja, dos ricos.

No entanto, as conclusões do estudo do FMI são desmentidas por um outro estudo realizado por uma entidade europeia independente (o FMI é parte interessada nesta política) – o Institute for Social and Economic Research da University of Essex da Inglaterra – com o título “The distributional effects of austerity mesures: a comparison of six EU countries”, divulgado em Dezembro 2011, sobre os efeitos da política de austeridade em seis países europeus – Estónia, Irlanda, Grécia, Espanha, Portugal e Inglaterra – que conclui que em Portugal a política de austeridade tem atingindo mais as classes de baixos rendimentos, e muito menos os ricos.

Segundo este estudo, no nosso país a política de austeridade determinou uma redução de 6% no rendimento disponível dos mais pobres e apenas uma diminuição de 3% no rendimento dos mais ricos. E isto foi até 2011, e as políticas mais violentas e injustas de austeridade tiveram lugar a partir daquele ano.

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