Opinião – Economia azul

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Fernando Regateiro

Fernando Regateiro

Após as próximas eleições europeias seguem-se as legislativas, e, isso obriga, desde já, os partidos políticos e forças económicas e sociais a atualizar as suas estratégias e a construir programas integrados que se adequem aos tempos que percorremos e às potencialidades e recursos a explorar.

É necessário que a ambição de promover o crescimento e criar emprego encontre novas áreas com potencial para criação de riqueza e dar melhor aproveitamento aos recursos que possuímos, com características peculiares, para os colocar ao serviço de todos nós.

A economia azul é uma dessas áreas que até agora só tem tido abordagens parciais e desgarradas, não enquadrando todas as suas valências.

É urgente dotar o país duma orientação estratégica neste âmbito, em que Portugal tem um valor acrescentado, por ser detentor duma ampla faixa marítima rica e bem localizada.

É sabido, que as atividades económicas ligadas ao mar representam na UE mais de 5 milhões de empregos e poderão crescer rapidamente para 7, e que, o relacionalmente comercial neste espaço tem o mar como meio privilegiado.

Portugal tem de dar mais atenção a este sector porque pode ser uma alavanca robusta para criar postos de trabalho e explorar novos produtos sustentáveis e respeitadores do ambiente. O progresso tecnológico dá-nos, agora, instrumentos que permitem explorar recursos que o mar proporciona.

A lista das cadeias de valor é vasta e a todo o momento pode ser ampliada. A própria UE tem já estudos e dispõe de meios para apoiar este sector. Dessa lista estarão, certamente, a energia azul, aquicultura e pesca, turismo marítimo, costeiro e de cruzeiro, recursos minerais marítimos, biotecnologia azul, portos, construção e reparação naval.

As energias marinhas vão estar na ordem do dia, não só as eólicas em offshore, mas também as centrais mare motrizes, ondo motrizes e térmicas e por isso convém, em articulação com as universidades, não perder este processo.

A aquicultura já representa 25% do consumo e está a aumentar acima do crescimento da população mundial. Portugal é dos primeiros consumidores de peixe da UE, com elevadas importações. A UE, através do fundo europeu para assuntos marítimos e pescas, apoia estes investimentos, que podem partilhar o espaço com centrais eólicas ao largo.

No turismo os proveitos são significativos mas podemos melhorar na área dos cruzeiros.

O mundo subaquático encerra ainda aspetos desconhecidas que podem ser exploradas com apoio da investigação, designadamente, os organismos marinhos a aplicar em produtos de elevado valor, a par de minerais cuja exploração vai crescer. Muitos fármacos incorporam já desenvolvimentos da biotecnologia azul, com êxito assinalável nos antivirais, na luta contra o cancro, até na utilização de algas como fonte de biocombustíveis.

Os portos têm de ocupar um espaço com maior significado económico dada a posição estratégica que ocupamos e a possibilidade de Sines ser local de receção dos panamax, de grande porte, oriundos do canal do Panamá e ser ligação à Europa, por ferrovia e rodovia, complementados com unidades de reparação e construção naval.

O anterior governo teve o plano tecnológico como bandeira, o próximo poderá ter a economia azul.

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