A Associação de Professores de Matemática alertou hoje para os problemas da calendarização do novo programa de Matemática do ensino secundário, sublinhando que irá ser aplicado a alunos que estão a aprender através de um programa diferente.
A presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Lurdes Figueiral, voltou hoje a criticar o novo programa e metas curriculares de Matemática para o ensino secundário, homologados segunda-feira com a publicação em Diário da República: “Este programa não é fácil, nem difícil. É mau porque não favorece um bom desempenho dos alunos na matemática”.
O novo programa do ensino secundário “assume-se como um programa de continuidade” ao novo programa do ensino básico e o calendário define que deverá começar a ser ensinado aos alunos do 10º ano no ano letivo de 2015/2016, lembrou Lurdes Figueiral, em declarações à Lusa.
No entanto, nessa altura, esses estudantes “não terão tido qualquer contacto com o programa do básico, porque só este ano foi introduzido no 7.º ano e estes alunos só vão chegar ao 10.º ano no ano letivo de 2016/2017”, alertou.
Além das falhas na calendarização da implementação do novo programa para o ensino secundário, a APM critica “a abordagem da matemática que não desenvolve as capacidades – como a resolução de problemas – e a intuição matemáticas”.
Lurdes Figueiral lembrou que o programa sofreu “algumas adaptações e cortes de conteúdos” em relação à proposta inicial, que era “inexequível pela sua extensão”. No entanto, a APM considera que as alterações não prejudicaram a estrutura global da proposta, que continuam a considerar “má”.
O novo programa vem substituir o “que estava em vigor há cerca de 10 anos e que funcionava sem contratempos”, sem que tivesse sido feita uma avaliação ao programa existente, criticou.
“Não houve nenhum tipo de avaliação e estudo sobre o que está no terreno, tal como aconteceu com o programa de matemática do ensino básico”, contestou Lurdes Figueiral, garantindo que o programa do básico “está a ter grandes dificuldades de implementação nas escolas”.
A presidente da APM considerou ainda que a equipa responsável pelas metas e programa “tem um desconhecimento da realidade do ensino da matemática”.
Já a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) tinha dado nota positiva à proposta de novo programa curricular de Matemática A, do secundário, apesar de o considerar extenso, exigindo “um esforço significativo de formação e acompanhamento” dos professores.
O Ministério da Educação e Ciência (MEC) homologou ainda o programa e as metas curriculares do ensino secundário de Português, Física e Química do 10.º e 11.º anos e as metas curriculares das disciplinas de Física e de Química do 12.º ano.
“Com a conclusão destes documentos, foi dado mais um passo na Revisão da Estrutura Curricular, tendo-se agora em vista atualizar o Currículo do Ensino Secundário, recentemente incluído na escolaridade obrigatória. Trata-se de uma atualização que, na sequência da já concretizada no Ensino Básico, imprime coerência ao percurso escolar dos alunos”, defendeu o MEC, em comunicado.