O tempo não pode jamais apagar as responsabilidades do anterior Governo PS e do atual Governo PSD/CDS no processo inaceitável de desmantelamento do Ramal da Lousã e consequente abandono das populações de Coimbra, Miranda do Corvo, Serpins e Lousã.
Importa recordar que o Ramal da Lousã, com 17 apeadeiros, registava mais de um milhão de utentes por ano e servia mais de 50 mil habitantes, desde há mais de um século. A ligação entre Serpins e a estação de Coimbra-Parque era efetuada 17 vezes por dia, em pouco menos de uma hora. Em 2010, com o início das obras do Projecto Metro Mondego, foram arrancados os carris deste ramal. Meses depois, em dezembro de 2010, as obras foram suspensas, com prejuízos gravíssimos para a vida das populações.
Outros problemas existiam: a falta de coordenação com os SMTUC, a não garantia do caráter público do projecto, da qualidade do serviço e do tipo de preços a praticar. Para além disto, o abandono deste projecto deixou cicatrizes profundas na baixa da cidade de Coimbra, agudizando problemas de segurança, proteção civil e urbanismo.
O PCP desde sempre discordou da opção «metro» porque se aplicou uma solução eminentemente urbana a uma linha de montanha e, com isto, se promoveu o abandono do transporte de mercadorias, assim amputando instrumentos fundamentais de desenvolvimento económico regional.
Em janeiro de 2011 foram discutidos no Parlamento várias propostas sobre o Ramal da Lousã e o Metro Mondego. À data, o PCP propôs:
1-Reposição dos carris e eletrificação do Ramal da Lousã, garantindo a ligação deste Ramal à Rede Ferroviária Nacional;
2-Construção de um novo interface que substitua Coimbra-B, garantindo a ligação ferroviária até à Estação de Coimbra-Parque, com via dupla, avaliando-se a solução em túnel, mantendo a ligação do Ramal da Lousã à rede ferroviária nacional.;
3-Alargamento do Ramal da Lousã até à Linha da Beira Alta via Arganil, e à Linha da Beira Baixa pelo Ramal de Tomar;
4-Investimento numa solução de mobilidade integrada para a cidade de Coimbra com garantia de transporte de gestão pública e acessível a todos, em articulação com os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra;
5-Elaboração de um plano de recuperação da baixa da cidade de Coimbra, resolvendo os problemas de segurança, de proteção civil e de urbanismo causados pelo abandono das obras do Metro Mondego.
As propostas foram rejeitadas com voto contra do PS e abstenção do PSD e CDS.
Passados 3 anos, as populações continuam a ser penalizadas por erradas decisões de gestão pública. É inaceitável. A luta vai ter que continuar.
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