Hélder Rodrigues

1. Que bela cidade para viver

Daqui do alto de Santa Clara, percorro o olhar por esta cidade, uma das mais belas paisagens urbanas do mundo.

Lá no cimo, a Velha Torre, local que foi Paço Real, onde nasceram os primeiros Reis de Portugal. A toda a volta, casario multicolor, pontuado aqui e além por monumentos que falam e por espaços verdejantes que lhe dão frescura e suavidade.

A seus pés o romântico Mondego, seu eterno namorado, que ao longo dos tempos, no murmúrio das suas águas lhe canta juras de amor.

A própria dimensão da cidade confere-lhe um rosto humano, onde os carinhos e os afectos frutificam no quotidiano.Que bela cidade para viver! Onde a saúde, o ensino e a cultura constituem áreas de excelência.

Não é surpresa o reconhecimento internacional: uma das cidades inteligentes da Europa, Cidade europeia de envelhecimento saudável, Património Material e Imaterial da Humanidade.

2. O que é uma cidade feliz?

No iniciar de um novo Ano, em tempo de reflexão, é oportuno perguntar; Tendo todas as condições para nela se viver bem, será Coimbra efectivamente uma cidade feliz?

Para uma cidade ser feliz, ter condições é fundamental, mas ter condições, não basta! È preciso saber aproveitá-las e operacionalizá-las em toda a sua extensão e potencialidade!

Na minha concepção, uma cidade feliz é aquela que desenvolve estratégias, meios, actividades e comportamentos que tornam felizes a vida dos seus cidadãos quer a nível individual quer colectivo. E sob este ponto de vista, sejamos claros, há muito trabalho a fazer em Coimbra!

3. Fui ao encontro da população

É sabido que as cidades dependem muito daquilo que a sua população quer que elas sejam. E a felicidade é o reflexo do trabalho realizado. Abandonei o miradoiro onde estava e desci à cidade. Queria ver, ouvir, falar e sentir a alma da sua população.

Em Santa Clara, vi progresso mas obras paradas e outras por fazer. Atravessei a Ponte, vi beleza mas muito espaço para rentabilizar em beneficio da cidade. Percorri a Calçada, vi esperança mas necessidade de visão e modernidade. Calcorreei as ruas da Baixa, vi abandono e degradação mas apoio social humanitário e voluntariado.

Subi à Alta, vi reabilitação de qualidade mas espaços desabitados e solidão. Fui à Universidade, senti prestígio e qualidade mas falta de meios para cumprir a sua missão. Desci à Praça da República, vi juventude e alegria mas excessos e irresponsabilidades.

Subi a Celas, vi profissionais de saúde e apoio social de excelência no alívio da doença e da dor mas lutando com falta de recursos. Fui aos Olivais, vi muita obra feita. Desci à Solum, vi progresso e modernidade. Pelo caminho deparei com muitos casos de sucesso mas também muitos outros de falhanço e incapacidade. Vi muita gente alegre, empenhada e feliz, mas muita outra desempregada, desiludida e sem abrigo.

4. Os meus votos para Coimbra 2014

Os meus votos para 2014 é que Coimbra consiga encontrar uma dinâmica que a transforme numa cidade feliz para todos os que nela vivem, quer a nível individual quer colectivo, formando um todo harmonioso e equilibrado.