Maquiavel sublinhou o dilema em que se batem os príncipes – serem amados ou serem temidos; Passos Coelho usa ambos os instrumentos: ser amado pela Troika e ser temido pela violência administrativa sobre os cidadãos.
Ora, nesta fase de Governo estrangeiro em Portugal -Troika – importa distinguir duas posturas políticas fundamentais: a dos acomodados como agentes passivos, quiçá, colaborantes, e os inquietos como agentes políticos activos; duas correntes, portanto. À primeira se colam Passos Coelho e Cavaco Silva, à segunda evoco dois vultos políticos – Homens de Estado – Adriano Moreira e Mário Soares.
São estas duas personalidades, Mário Soares e Adriano Moreira, os mais vivos estadistas e, portanto, mais presentes na consciência nacional que, querendo unificá-la, a engrandece e personifica as excelsitudes do espírito de um Povo entre o mundo – este povo da beira-mar a prescindir das intrigas políticas internas.
Poder-se-ia talvez dizer que, no campo da exaltação político-partidária, estes estadistas estariam em campos opostos, sendo um Democrata-Cristão e o outro Socialista Democrático, só que no termo de tudo, são personalidades com linhas de pensamento, ambas absorventes e de grande influência. Mário Soares acentua a incorporação de Portugal por meios políticos, económicos e de pressão na União Europeia e Adriano Moreira não se opondo, antes pelo contrário, acrescenta e enfatiza o uso da cultura, da penetração psicológica, da assimilação do espírito, pela necessidade estratégica do uso, urgente, da “Janela do Mar”, baseado numa irrefutável interpretação da geografia política – CPLP e Américas.
Certo é que ambos, nas actuais circunstâncias, formam a mesma VOZ: que a violência não é nenhuma quimera, é uma força que espera a oportunidade de se fazer sentir. Não a convocam, alertam, clamam para que se actue de forma a evitá-la. É, pois, neste campo de intervenção política que a VOZ de ambos deve ser entendida e atendida.
Precisamente. Mário Soares e Adriano Moreira convocam-nos a deixar de ser distraídos e aos portugueses oferecem a oportunidade de agir, e portanto afirmar o desígnio de ocupar posições políticas de consequência, ou seja, fazer aquela diferença essencial que aparta a “história da paz social” da “história da violência social”.
Alicerçado no que considero ser a “natureza das coisas”, na actualidade a política não se cumpre; mas porque é sempre válida, haverá de cumprir-se, sendo que, a política sempre importa ensinamentos e autoriza ilações – “Just in Time”….