“Gostava de ter tido uma mulher e filhos” (com som)

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Foto Jot'Alves

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Até quando pretende exercer o sacerdócio?

Até enquanto for vivo (risos). Enquanto puder, vou continuar a trabalhar. Aos 75 anos, qualquer sacerdote entra na reforma, mas, dada a crise de vocações, o nosso bispo pede-nos para continuarmos.

Sente-se cansado?

Sinto-me cansado como qualquer pessoa com 85 anos. Mas, se me sento, é bem pior.

É admirador do Papa Francisco?

A minha grande preocupação é realizar aquilo que o Papa Francisco está a realizar. Acho que nós, os padres, como qualquer profissional, agarramo-nos demasiado ao nosso estatuto, a uma lei. O nosso Papa abre as portas da Igreja.

Concorda com o casamento entre homossexuais?

Não concordo. Qual é a finalidade da união? É a procriação. Para mim, a família nuclear continua a ser constituída por um homem, uma mulher e filhos.

E com o celibato, concorda?

Bem, em relação ao celibato, tenho as minhas reservas. Não repugna que um padre seja casado. Penso que se caminha para aí (para o fim do celibato).

Existe uma crise de falta de vocação para o sacerdócio?

Existe muita falta de vocação e notamos isso, por exemplo, no nosso concelho.

Quem é que está a optar por ser padre?

Temos bastantes vocações de jovens que tiraram cursos superiores, de famílias muito religiosas e muito boas, depois não tiveram onde trabalhar e estão a frequentar o Instituto Superior de Estudos Teológicos.

Nota que a crise está a afetar os seus paroquianos?

Nota-se que a pobreza aumentou bastante. Mas, felizmente, temos duas empresas com muitos empregados. Seria uma desgraça se uma empresa destas fechasse.

Não lhe dói ver o convento de Seiça naquele estado?

Meu Deus, se me dói…! Tenho lutado pela sua preservação, com os presidentes da Junta de Paião e da Câmara da Figueira da Foz. Pelo menos, que se preserve a fachada.

Houve alguma coisa que gostava de ter feito e que não fez por ser padre?

Gostava de ter tido uma mulher e filhos. De facto, notamos (os padres) a falta da mulher, que é o aconchego, a casa. Senti a falta de ter uma família. (…) Muitas vezes senti a tentação da carne (risos), mas, quando chegava aquele momento forte, pensava: “eh pá, tem calma (risos)!”.

Esta entrevista pode ser ouvida na íntegra na Foz do Mondego Rádio (99.1FM) e em www.asbeiras.pt.

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