Documentário “Aldeia dos tísicos” exibido no Caramulo

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O documentário Aldeia dos tísicos”, dedicado à estância sanatorial do Caramulo, é exibido no sábado à tarde na vila, onde o seu autor, Hugo Dinis Neves, recolheu as memórias de tempos passados.

Depois de ter participado nalguns festivais, o documentário é agora mostrado no Grande Sanatório do Caramulo, no concelho de Tondela.

O documentário retrata uma época em que a tuberculose atingiu proporções de epidemia na Europa, nos anos 1920.

“No mapa de Portugal destaca-se, como uma das maiores estâncias sanatoriais europeias e centro de referência no tratamento da tuberculose, a pacata aldeia beirã do Caramulo”, pode ler-se na sinopse.

Foi a “visão e engenho de um médico” que transformou “a aldeia onde o silêncio era rei no meio de um pequeno casario de granito” numa “pequena metrópole de cura”. Nessa época, “o dia-a-dia dos tísicos assemelhava-se paradoxalmente a um ambiente de férias prolongadas em hotel”, acrescenta.

O aparecimento dos antibióticos e a utilização da vacina BCG ditaram o fim da estância sanatorial do Caramulo.

“Dos antigos sanatórios do Caramulo sobram as ruínas e as memórias de doentes, médicos e habitantes, recuperadas neste documento”, explica.

Neste documentário, Hugo Dinis Neves quis mostrar “uma aldeia serrana onde desenvolvimento e progresso caminharam lado a lado para dar origem ao atual Caramulo, deixando para trás um notável património, edificado e de experiência humana, que as gerações seguintes não conseguiram ainda dignificar”.

O autor do documentário é repórter de imagem desde 2007, trabalhando atualmente na SIC.

No Grande Sanatório do Caramulo estará também patente a exposição de fotografia “Estância”, de Carlos Fernandes, que procurou captar “sensações e sentidos” com a sua lente.

“Poderia perder-me no tempo a descrever os instantes que passei na companhia das vidas refletidas nas paredes e nos objetos. Mas prefiro encontrar-me no desejo de que seja a imagem, a fotografia, o idioma escolhido para as sensações, os momentos, os sinais, as estâncias onde adormeci o olhar”, refere Carlos Fernandes.

Através da exposição, é proposta uma visita aos corredores, às salas e aos quartos, aos objetos e às paredes despidas, a “uma atmosfera passada e silenciosa”.

Este trabalho pretende ser mais do que um levantamento histórico-fotográfico dos sanatórios do Caramulo, apresentando Carlos Fernandes “uma abordagem estética, plástica e sensorial”. Fora de um registo linear e objetivo, imprimiu “a cada imagem a história que cada local parece querer contar, estimulando impressões e interpretações diversas”.

Carlos Fernandes é licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha e já expôs na Bienal Internacional de Vila Nova de Cerveira e no Centro Cultural de Paredes.

Quem hoje visitar o Caramulo, encontra muitos dos antigos sanatórios votados ao abandono.

A alguns dos antigos sanatórios já foi dada uma nova utilidade, como o “sanatório de Salazar”, que é um hotel, e outros reconvertidos em lares de terceira idade.

O mais antigo – o Grande Sanatório – abriu as portas em 1922, após a criação de uma sociedade impulsionada pelo médico Jerónimo de Lacerda, que integrava personalidades da época.

Seguiram-se-lhe muitos outros, mas o controle clínico de todos competia ao corpo clínico do Grande Sanatório.

 

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