Alguns dos peregrinos que marcam presença no último dia da peregrinação internacional de agosto queixaram-se hoje à Lusa das missas cansativas e das homilias confusas que têm lugar no Santuário de Fátima.
“Deviam ser mais explicadas e demorar menos tempo porque, muitas vezes, causam saturação e saímos tristes, sem ouvir as palavras que estávamos à espera”, sustenta Maria Vitória, que possui um estabelecimento hoteleiro em Fátima e é presença assídua no recinto.
“Está o mundo à espera de uma palavra, de uma força de fé que venha da homilia, vejo pessoas à espera desse bocadinho e é em vão porque são poucos aqueles que sabem transmitir ao mundo aquilo que se passa”, acrescenta a católica de 80 anos, sentada no meio do recinto, protegida do sol com um chapéu-de-chuva.
António Amorim, peregrino que veio de Espinho, salienta que a viagem a Fátima vale por si só, mas admite que vê “nas caras dos novos emigrantes algum desinteresse porque ouviram falar de Fátima, mas depois vão-se embora sem ouvir aquilo que pretendiam”.
O ex-emigrante de 71 anos confessa que apesar do gosto que tem na peregrinação à Cova de Iria, às vezes também tem “pena de não ter percebido tão bem a homilia” ou pelo facto de a celebração “ter sido tão cansativa”.
Protegida pela sombra, Paula Machado alerta para o facto de as homilias serem sempre diferentes, até porque “são feitas por diferentes pessoas”, pelo que cada caso é um caso, mas admite que “a Igreja [Católica] cansa muito os peregrinos”.
A peregrina vem de Guimarães a Fátima habitualmente no mês de agosto, explica que vem por gosto, mas adverte que “as pessoas podem gostar muito de uma comida, mas se comerem sempre a mesma isso cansa”.
A verdade, realça, é que a celebração, diz, que tem lugar nos dias 12 “são muito longas e às vezes as pessoas já não estão a ouvir, já estão ausentes porque é muito cansativa”.
Depois da procissão das velas, sugere, “não deveria haver missa no fim”. Contudo, a peregrina de 45 anos sublinha que nada tem a dizer sobre a missa ou da cerimónia agendada para as peregrinações nos dias 13, definindo-as como mais equilibradas.
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