Opinião – A minha prima Sofia

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J. PEDROSO DE LIMAJ. Pedroso de Lima

Dizia-me a minha prima Sofia com a sua voz jovem, apesar dos seus sessenta e tal e que tem o problema de nunca se calar: – Esta coisa de fazerem propaganda à roupa de vestir nas revistas, televisão, etc., com jovens modelos elegantíssimas, ou senhoras bem conservadas e distintas, desmotiva-me por completo. Claro que a estas tudo fica bem e acaba por ser propaganda enganosa. Deviam escolher o tipo médio ou mesmo pessoas desageitadas, nestes anúncios. No último caso, as futuras clientes iriam pensar que se àqueles estafermos a peça fica bem, a elas deve ficar óptima e iam a correr comprar.

Não percebi bem qual era a preocupação da minha prima que, aliás, ainda tem uma figura bem agradável. Resolvi avançar com um argumento científico: – Se os responsáveis pelas casas de modas, etc., fazem assim, é porque têm dados estatísticos para o fazer, não te parece? – Estatística? Olha primo sabes qual é, estatisticamente, o lugar mais perigoso do mundo? Perguntou. O Iraque, talvez, disse eu, pouco convencido. – Não, é a cama, é onde morre mais gente. Riu-se e eu pensei que o seu bom humor era o segredo da sua aparente juventude, mas já outro tema estava a saír: – Sabias que a percentagem das cirúrgias plásticas à face, em que as pessoas ficam deformadas, é alarmante ? – Porquê, estás a pensar fazer uma plástica? Perguntei. Não, é só um pensamento. Repara, se no caso da face em que o cirurgião sabe de antemão que tem de fazer trabalho perfeito, pois se não o fizer toda a gente vê, a percentagem das prestações medíocres é grande, como será nas outras operações, em que o cirurgião não tem aquela motivação pois não se vê o trabalho feito no fim? Devia haver uma ASAE para a cirurgia! – Estás a brincar, disse eu, então não se vê logo se uma cirurgia corre bem ou não, pelo comportamento do doente? Ela avançou: – Claro que vê, mas se alguma coisa corre mal, as culpas raramente vão para o cirurgião. Tão impunes como eles, só os políticos!

Pensei um pouco e retorqui: – Acho que estás a ignorar que os riscos variam com o tipo de intervenção. A probabilidade da pessoa ficar com aparência diferente do que era, depois da operação, é grande. – Vocês, homens, desculpam-se uns aos outros! Claro que ficar diferente é o que elas querem, senão não interessava fazerem a intervenção, o problema é ficarem diferentes para pior!

Já descobri que, com a minha prima Sofia, só me traz vantagens tomar a atitude desportiva de que não interessa ganhar ou perder, por isso calei-me. Só mais tarde é que me lembrei da operação, mal sucedida, que ela fizera à incontinência!

Mas, outra questão já estava no ar: – Estou admirada de não ter havido uma manifestação por não haver noivos do mesmo sexo nos casamentos de Santo António. Não estranhava que houvessem pessoas a exigirem paridade!

Respondi com um “pois”, mas deu-me uma enorme vontade de rir só de pensar na cara do pobre Santo, …do outro lado e, aproveitei, …fui fugindo, também para outro lado, antes que viesse mais “material”!

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