Opinião – A fusão dos hospitais de Coimbra

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MARIA MANUEL LEITÃO MARQUES

Não gosto de afirmar que a crise é uma oportunidade para o que quer que seja. Apesar disso, se em nome da crise é preciso proceder a reformas, ao menos que haja visão e estratégia no modo como elas são realizadas.
Deveria ser esse o caso da fusão dos dois hospitais de Coimbra: o da Universidade (HUC) e o dos Covões (CHC). Uma oportunidade de racionalizar meios, com certeza, mas não apenas essa. Uma oportunidade também para redesenhar serviços, tornando-os mais fortes em recursos e capacidade de desenvolver projetos ambiciosos e inovadores.
Sei que nada disto é simples de fazer: é preciso ter visão, conhecimento, um projeto; e sobretudo é preciso ter muita coragem para o executar. Coragem para enfrentar interesses instalados, coragem para premiar o mérito e não os amigos, coragem para dizer sim aqui e não acolá. Nunca uma reforma desta natureza e com a ambição que deveria ter se faz apenas na base de consensos, tantas vezes cúmplices com um status quo instalado que deveria ser era alterado.
A fusão dos dois hospitais de Coimbra poderia ser uma oportunidade para reforçar a oferta de serviços de saúde de qualidade, fazendo melhor com menos. Mas tanto quando pode ver-se- até agora não é isso que está acontecer. Os processos arrastam-se sem decisões e nada de novo se anuncia. Como se estivessem à espera de que as situações apodreçam para se auto resolverem.
Algum dia será a hora de prestar contas sobre o que tal reforma trouxe de estratégico, que valor acrescentou a este serviço público tão estruturante da Cidade. Contas do Governo, em primeiro lugar, que removeu quem tinha trabalho e projeto feito para lá colocar quem entendeu. E sobretudo contas de quem é responsável pela obra (ou pela falta dela). Veremos então os resultados e se a oportunidade foi mesmo ganha ou foi irremediavelmente perdida. Como cidadãos de Coimbra não deveríamos continuar tão indiferentes ao que se passa à nossa volta e às consequências de mais uma completa ausência de política.

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