“Pode haver novas derrocadas de prédios na Baixa de Coimbra”

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clemente

Se lhe perguntassem o que faz falta à freguesia, o que responderia?
Faz falta, fundamentalmente, pessoas a habitarem na Baixa, faz falta o comércio tradicional ter outro dinamismo e faz falta, obviamente, criar cultura permanente na Baixa, dando-lhe maior qualidade de vida. Com estes três vetores, estou convencido que a Baixa seria um polo de atração a quem nela habita e a quem nos visita.

E vai deixar a junta sem conseguir resolver estes problemas?
É uma das minhas mágoas, enquanto presidente da junta. Gostaria de ter visto avançar a reabilitação urbana da Baixa. Há uns anos atrás, houve a requalificação da zona pedonal, mas depois não avançou para a parte habitacional. Temos um parque muito degradado, muito por culpa dos proprietários que entendem ser mais fácil deixar cair os imóveis. Depois, temos na “Praça 8 de Maio” gente que demora a responder às solicitações, levando mesmo alguns proprietários ao desespero com tanta exigência, burocracia e fiscalização. Tudo isto leva a que a Baixa não seja atrativa para os investidores.

Que comentário lhe merece o estado atual do Bota-Abaixo?
Uma vergonha. Sempre pensei que o projeto do Metro Mondego fosse uma realidade para Coimbra. Fui das pessoas que acompanhei o processo desde início, mas agora fico desgostoso com o estado de abandono em que aquela zona se encontra. Pensava que a câmara e a Metro Mondego pudessem, no mínimo, criar ali algo que não fosse apenas um tapume e uma imagem de abandono no coração da Baixa de Coimbra.

A Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) deveria ter apresentado mais trabalho?
Muito se fala nessa sociedade. Aliás, há alguns anos atrás, perguntei numa Assembleia Municipal se SRU era alguma marca de refrigerante. As pessoas entenderam o que quis dizer. Penso que a sociedade só começará a funcionar a partir de agora, porque até esta altura nada tem feito. É uma situação crítica.

A crise ajuda a explicar a atual situação?
Hoje, a crise é desculpa para tudo: ineficácia, inoperância, desleixo. A crise existe, é bem visível, infelizmente, na minha freguesia. A junta a que presido tenta inverter a situação, mas não conseguimos resolver as coisas.

A Baixa vive um clima de crise social?
Em todas as áreas. Hoje, a crise na Baixa é geral. Há um grupo de pessoas com vontade de inverter a situação, mas somos poucos. Quem tem a responsabilidade social da cidade refugia-se nos gabinetes e não traz para o exterior algumas soluções. Estou à vontade para o dizer. Nós, Junta de Freguesia, somos muito pequenos para ajudar a ultrapassar estas questões. Pena é que me vá embora desta freguesia e deixe, pela negativa, um trabalho que não contou com o apoio de quem está acima de nós. Por exemplo, no último ano e meio, nunca assinei tanto atestado de pessoas com carências económicas.

(ler entrevista integral na edição impressa deste sábado do DIÁRIO AS BEIRAS)

António Alves
antonio.alves@asbeiras.pt

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