No relatório de Gestão de 2012 da Câmara Municipal da Figueira da Foz, podemos ler que, nesse ano, foram realizadas 23 reuniões ordinárias e sete reuniões extraordinárias do executivo da Câmara. Nessas reuniões, foram agendados, para apreciação dos vereadores que compõem o Executivo municipal, um total de 884 assuntos, dos quais 818 foram aprovados por unanimidade e 35 por maioria. Se não me falha a memória, nenhum assunto estruturante foi bloqueado ou ficou sem solução, por iniciativa da oposição. Tal unanimidade não seria de estranhar, se não estivéssemos a falar de uma Câmara, onde quem ganhou não tem maioria sendo o executivo composto com 9 membros, quatro eleitos pelo PS, três pelo PSD e dois pelo Movimento Figueira 100%.
Posso estar a fazer uma leitura simplista, mas a verdade é que todos aqueles assuntos foram efetivamente votados, o que nos remete para uma reflexão: quem acompanhou a atividade do executivo camarário através da comunicação social, poderá ficar com a sensação que nada disto aconteceu. Com leituras atentas, encontrávamos episódios frequentes, amplificados na sua dimensão e algo imparciais, relatando instabilidade, lutas partidárias, arrufos pessoais e vereadores a reboque. Com satisfação afirmo que não é pelo facto de uma mentira ser repetida muitas vezes que ela se torna verdade e não deixa de ser irónico que o que “vende” jornais afinal é o teatro. E na Figueira, terra de tradições cénicas, só os políticos e comentadores com jeito para a arte, é que se safam!