No último ano, em particular nos últimos meses, venho escrevendo sobre as consequências da crise financeira nos EUA e na Europa, que se tem vindo a agravar e que põe em causa os conceitos sociais e de cidadania, do que considerávamos: as Democracias Ocidentais, especialmente, o Conceito Europeu.
Fui escrevendo e reafirmo (infelizmente) que a nova ordem mundial, após a queda do muro de Berlim, fez surgir um novo capitalismo especulativo, de “circo”, que prejudica as Populações e que a falta de Estadistas na Europa (Sociais-Democratas e Democratas Cristãos) veio dar lugar ao conceito dos liberais que ainda pensam que “os mercados globais” são humanizáveis e que tudo resolvem, conduzindo a Classe Média para uma situação de “novos pobres”, ao mesmo tempo que os pobres começam a ficar numa condição sub-humana.
Os EUA conseguem resistir emitindo moeda, sem contudo se demonstrar se tem reservas para o efeito.
Na Europa, os Países já resgatados pela Troika são 4, com a Espanha, a Itália, a França, acompanhados agora da Holanda e da própria Inglaterra, a crise dos défices públicos, começa a ser fortemente preocupante.
Só por si, estes números são assustadores e evidenciam que não são só os Países do Sul da Europa a sofrerem os impactos da crise financeira. Mais, se verificarmos bem os índices de retração económica, verificamos o mau desempenho da economia Alemã no 1º Trimestre de 2013, o que se justifica pelo simples facto de os principais importadores da Alemanha são os Países Europeus.
Recentemente, e perante o falhanço da estratégia da austeridade para combater a crise, assistimos ao lamentável ping-pong, sobre de quem é a culpa desta austeridade que nada resolve. Sem qualquer tipo de decoro, como se de “virgens “se tratassem, a Alemanha acusa a Comissão Europeia, pela falta de crescimento económico e pela degradação das condições de vida dos Europeus.
Mas, é esta mesma Alemanha que já anunciou que a União Bancária na Europa tem de ter dois tempos: um para Países mais desenvolvidos e outro para os que têm uma economia mais frágil.
A ser assim, também deveriam existir Tratados Europeus, como por exemplo, o Plano Agrícola Comum, que deveria ter duas fases: uma para os Países que já são auto-suficientes em termos alimentares, e doutro para os que ainda não atingiram esse estado.
Por outro lado, o resgate do Chipre, abriu uma “caixa de pandora”, como afirmou Bagão Félix, porque, quer queiram ou não, a confiança no sistema financeiro dos estados-membros, saiu completamente degradada.
Aliás, também neste campo a hipocrisia dos dirigentes europeus (não Estadistas) é uma evidência. Começaram por dizer que a solução era do próprio Chipre e que jamais se aplicaria a qualquer ou País Europeu, para depois ficarmos a saber que a ideia de “roubar” o dinheiro aos depositantes no Chipre partiu do Ministro das Finanças da Alemanha.
Agora, até já afirmam que a solução pode ser aplicada noutros Países.
Conclui-se assim que a única crise que sempre existiu a partir de 2007/2008 nos EUA foi a Financeira.
A crise não foi económica, social ou política, a única crise que existiu e persiste é a do sistema financeiro (Bancos/Fundos de Investimento) que fizeram um ataque sem precedentes às condições de vida dos Cidadãos, agora travestidos de marxistas, uma vez que exigem os avais de Países Soberanos.
Sou Português com orgulho, europeu e até cidadão do mundo, mas recuso-me a pertencer a um conjunto de marionetes a mando dos mercados globais, especulativos e opressores.
Reafirmo, ou a União Bancária na Europa é para os Cidadãos, ou julgo, tal como já aconteceu em outros Continentes, que é melhor acabar com o Euro.