Opinião – Fujam dos abutres

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ANTONIO MENANO

António Augusto Menano

Há coisas que nunca prescrevem. A memória é uma delas, a não ser quando a demência a rói. O auxiliar não é inútil, ajuda-nos, como parte que é, a compreender o todo. Assim o “Bairro Novo” da minha adolescência, quando lá me desloco, faz-me entender os tempos em que vivemos: estabelecimentos comerciais encerrados, casas a pedirem ajuda para as suas feridas.

O pouco movimento dói-me. Sei que há resistentes, organizadamente a defenderem-no. Estou com eles, pois ao contrário do que defendeu Sócrates (refiro-me ao filósofo e não ao aluno), acredito que um pouco de paixão fermenta o homem. Mas o “mal “vai alastrando, desliza-se para o desemprego.

Por todo o lado, fecham fábricas, encerram as portas estabelecimentos vários, e somos campo em poisio. Reli o “O Príncipe” de Maquiavel “(…a atual ruína de Itália só resulta do facto de ter estado por muitos anos dependente de armas mercenárias, que proporcionaram algum proveito a alguns que pareciam valentes entre si; mas, logo que apareceu um estrangeiro mostraram o que eram (…)”.

Não preciso de explicar, percebe-se que não falo de espadas e de sarracenos. Em Coimbra, encontrei, no espaço de uma agência de viagens, uma funerária. Sorte deles (dos donos): se fossemos parsis, os corpos eram abandonados para os abutres. E não é treta, porque já estive num local destes, no Oriente. Mas nós estamos em Portugal…

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