Opinião – Museus abertos mais horas e dias

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MÁRIO NUNESMário Nunes

A Direção Regional da Cultura do Centro ativou uma louvável iniciativa na área da Museologia, facultando ao público mais horas de fruição nos museus principais sob a sua jurisdição. Uma atitude merecedora de todos os encómios pelo manifesto interesse geral que oferece aos cidadãos permitindo o acesso àqueles espaços em tempo mais dilatado. Felicitamos, neste sentido, a Diretora Drª Celeste Amaro e o coordenador, Dr. Artur Corte-Real pelo projeto posto em prática e há muito desejado, que beneficia, como dissemos, os cidadãos, mas também a cultura e o país.

Para aquilatar da medida importa sublinhar o valor dos museus e a sua evolução ao longo das épocas, evidenciando a riqueza cultural que hoje reside naqueles centros que salvaguardam a herança do homem, porquanto o museu é um lugar de formação, de oferta de conhecimentos e de preservação da memória coletiva da humanidade. Deixou de ser visto como sinónimo de imobilidade e arquivo, como local de velharias, de coisas antigas, passando a identificar o passado e a tornar a história do homem dinâmica e viva, materializada no património que os povos criaram, utilizaram e transmitiram aos vindouros. Um espólio pedagógico que envolve os diferentes caminhos do homem no decorrer dos séculos.

Atendendo aos pressupostos enunciados importa esclarecer que a palavra museu deriva de “museion” e significa “templo das musas” (foi o berço dos museus), lugar que em Atenas correspondia à casa das musas, nove deusas da mitologia grega que inspiravam os artistas para as artes, designadamente, poesia, pintura, escultura, música e teatro. Um lugar de criatividade humana que reunia aqueles que discutiam o valor das artes, ensinavam e criavam objetos e peças maravilhosas relacionadas com a divindade e que ali se guardavam.

Esta herança e o conceito de museu perduraram com os romanos e outros povos, que os divulgaram. A Renascença, século XVI, trouxe-lhes um forte impulso graças ao estudo do período clássico e o apoio de mecenas e príncipes da nobreza europeia, a par da burguesia endinheirada, sensível ao “luxo” cultural e ao colecionismo. Porém, foi o século XVIII a época mais influente e explosiva desta realidade humana, porque permitiu que o museu deixasse de ser um local restrito e onde se guardavam tesouros de arte, para se transformar em lugar de mais fruição e formação. Os museus passaram a abraçar os mais diversos domínios, com os tradicionais a ter a companhia dos científicos, tecnológicos, etnográficos, antropológicos, botânicos e outros. Países como os Estados Unidos criaram milhares, enquanto algumas cidades mundiais primaram pela sua construção, exemplo da cidade do México, a cidade com maior número de museus por habitante, seguida de Nova Yorque, Londres e Toronto, com a Holanda considerado o país com maior número de museus por habitante no mundo. Portugal acompanhou a onda de expansão museológica e os museus chegaram a todo o país e nas diferentes temáticas, destacando-se, entre outros, os grandes museus: Machado de Castro, Arte Antiga, Gulbenkian, Conimbriga, Grão Vasco, Soares dos Reis, Trajo, Arqueologia, Azulejo, Militar, Abade Baçal, Santa Joana, de Lamego, de Sintra. Não se podem olvidar os pequenos mas importantes núcleos museológicos criados pelas comunidades rurais, que identificam as povoações, as gentes e os seus hábitos e atividades vivenciais. O museu é, assim, um extraordinário espaço cultural pelo importante património pedagógico que disponibiliza ao homem.

 

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