Escrevo pela terceira vez em 2 anos sobre os Estaleiros Navais do Mondego (ENM).
Em setembro de 2011 escrevi: “Existem desde 1944 na Figueira da Foz. Foram criados para construir barcos. Em 2007, os ENM foram vendidos a preço da chuva pela Fundação Bissaya Barreto a um empresário espanhol. O acordo previa que este iria assumir o pagamento das dívidas. Tal não aconteceu. […] Desinvestimento e desincentivo na produção nacional atiraram mais de 250 trabalhadores para a rua; esquema de trabalho e produção à peça sem valor acrescentado; definhamento dos ENM e da sua capacidade produtiva. Os 60 trabalhadores que resistem têm os contratos de trabalho suspensos desde Fevereiro 2011 e salários em atraso”.
Um ano depois, em setembro de 2012 foi atribuída a licença de utilização dos ENM à Atlanticeagle Shipbuilding, com as contrapartidas: investimento de 18 milhões de euros; salvaguarda dos postos de trabalho e contratação de mais 300 trabalhadores; pagamento aos Portos de Aveiro e da Figueira da Foz de 100 mil euros de caução e 500 mil euros pela compra dos equipamentos. Notícias vieram a público anunciando que estes compromissos não passaram do papel. Informações da imprensa indicam que esta empresa pode estar à beira da insolvência, com todos os prejuízos económicos e sociais que daqui podem decorrer. Ao Governo cabe utilizar todos os meios ao seu dispor para a viabilizar os ENM e salvaguardar todos os postos de trabalho.
O país precisa dos Estaleiros Navais do Mondego. Pela frota pesqueira da Figueira da Foz, pelo movimento no porto da Figueira e das necessidades de reparação que daí decorrem, pela necessidade de manutenção da frota de catamarans do Tejo. Pela importância estratégica dos ENM para o setor da construção e reparação naval no nosso País.
O Presidente da República e sucessivos governos falam sempre da importância do Mar em discursos cerimoniosos, para logo a seguir esquecerem as suas responsabilidades e continuarem a atacar os direitos de quem trabalha e vive do mar.
Aos trabalhadores, resta a solidariedade e a luta. Novamente e sempre!