Os advogados de vários arguidos no processo de venda e revenda do edifício dos CTT de Coimbra, na Av. Fernão Magalhães, procuraram demonstrar nesta quinta-feira, que os seus constituintes não obtiveram vantagens pessoais, nos crimes de que são acusados.
“As quantias recebidas por Luís Vilar não tiveram como objetivo a compensação do arguido” no negócio, disse o seu advogado, Luís Miguel Rodrigues, nas alegações finais do julgamento, no Tribunal de Coimbra.
Antigo vereador na Câmara Municipal de Coimbra, o ex-líder concelhio do PS Luís Vilar é acusado de um crime de corrupção passiva para ato ilícito e outro de branqueamento de capitais.
O dinheiro recebido pelo antigo vereador, no âmbito da venda do edifício dos CTT, na Baixa de Coimbra, a 20 de março de 2003, correspondeu a um pagamento da sua “legítima prestação de serviços como consultor” de uma das empresas implicadas no negócio.
Essa empresa tinha “relações privilegiadas com a maioria” da câmara, então presidida pelo social-democrata Carlos Encarnação, disse Luís Miguel Rodrigues, frisando que Vilar era vereador da oposição, sem pelouro.
“O bem vendido à tarde não tem nada a ver com o que é vendido de manhã”, disse, por seu turno, Álvaro Matos, advogado do empresário Carlos Godinho, aludindo à venda do prédio dos Correio de Coimbra, duas vezes no mesmo dia.
Na época, “o negócio correspondeu ao interesse público definido pela tutela”, quando Manuela Ferreira Leite, que também depôs durante o julgamento, era ministra das Finanças. Carlos Horta e Costa, antigo administrador dos Correios, também é arguido neste processo, tendo negado o recebimento de comissões pelo negócio.