Luís Santarino
Vivemos num momento de grandes certezas. Lá vai o tempo em que a incerteza fazia o pleno do nosso dia-a-dia.
O discurso político é inconsistente, tal a inconsistência das medidas anunciadas para “nos colocar no bom caminho”, mas que afinal, continua a afundar a esperança dos cidadãos.
A democracia tem mecanismos para os defender do falhanço dos governos. Os actos eleitorais servem, sobretudo, para ajudar a clarificar e a mudar de rumo. Não faz sentido que, pelo facto de existir uma maioria, não se avalie a prestação do governo e se lhe “aplique” uma nota negativa!
A figura do Presidente da República serve exactamente para isso; ajudar a normalizar a vida democrática do País – direi eu – antes que seja demasiado tarde!
As notícias que me chegam do País são de terror. Famílias esventradas que têm de deixar os filhos entregues a instituições para ir ganhar a vida em outros locais, suicídios individuais, Pais que se suicidam com os filhos, desempregados desesperados, assaltos, roubos e violência, crianças que a única refeição que comem é na escola, reformados – os que têm reformas de miséria – sem condições de vida dignas depois de anos de trabalho, entre outras, fazem já parte do nosso dia após dia.
Têm de existir soluções, outras soluções, que ajudem a defender os nossos concidadãos.
Em tempo útil, escrevi nas minhas “Reflexões” que, as medidas “prescritas” pelo actual governo, em nada diferiam das que o Professor Salazar tinha enunciado quando tomou o poder em Portugal. A minha admiração e, ao mesmo tempo indignação, advém da incapacidade de perceberem que as mesmas medidas não se aplicam em tempos diferentes.
Se nesse tempo o País vivia “orgulhosamente só”, hoje estamos integrados numa União Europeia que, por princípio, deveria ser solidária.
Falta coragem e determinação. Falta capacidade de argumentação. Falta diálogo construtivo. Falta discurso. Falta capacidade de olhar olhos nos olhos e dizer NÃO. Falta coragem para dizer aos nossos parceiros europeus que este não é o caminho. Falta coragem para não se vergarem como seres resignados e incapazes.
Este é um País, foi um País, mal governado durante muitas dezenas de anos por políticos incapazes, por corporações sem controlo, por banqueiros em roda livre, contra cidadãos que vendem a sua força de trabalho a troco de um salário. Salário esse que se esfuma nada mais tendo do que as “ruas para passear”.
Se não houver governo, que haja, e aja, oposição! Nem governo nem oposição podem dormir em descanso!