Opinião – A hora do palhaço

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Ricardo CastanheiraRicardo Castanheira

Há dois anos, no país onde vivo, o candidato a deputado federal Francisco Everardo de Oliveira, o palhaço Tiririca, teve mais de 1.350.000 votos. Foi, assim, o candidato mais votado do Brasil, um dos maiores e mais promissores países do mundo. Esta semana Beppe Grillo, outro palhaço, obteve 25,5% dos votos em Itália, uma das maiores economias globais. Há motivos para rir? Não!

Manuel Alegre tem razão quando, há dias, escreveu que estamos perante uma iminente “implosão do sistema político”. É, pois, verdade! Os cidadãos em geral cansaram-se dos partidos políticos e não da política, pois, cada vez que, em Portugal, se canta a “Grândola, Vila Morena” confirma-se que existe memória geracional e que as pessoas reconhecem os seus direitos. Aliás, a candidatura de Alegre no passado – com mais de 1 milhão de votos nas urnas – foi um sinal irrefutável que os tempos estavam a mudar. Então, o PS fechou os olhos e os outros não quiseram perceber num autismo partidário absolutamente lamentável.

As próximas eleições autárquicas irão ser um momento chave para a mudança do sistema partidocrático tradicional português. Muitos ainda não perceberam os sinais dos tempos e com isso apresentam propostas velhas, requentadas ou fantasiadas. Estava a falar das ideias…pois dos candidatos nem comento… Mas a resposta não tarda, porque, in casu, a lei permite que movimentos (mais ou menos) espontâneos de cidadãos despertem para a cidadania ativa. Veremos, assim, por esse país fora, juntarem-se pessoas livres em torno de uma ideia ou de um projeto (o mais simples possível). As mesmas que tradicionalmente não o faziam ou eram arrebanhadas pelos partidos tradicionais.

Há muitos anos, alguém que conheço especialmente bem, disse numa entrevista ao extinto “Jornal de Coimbra” que se as pessoas conhecessem por dentro o que se passa em determinado partido ele desapareceria. Esta observação, naquele tempo, fez manchete. Era a mais pura das verdades. Passaram vinte anos e tal observação é mais verdadeira ainda. Hoje as redes sociais são uma montra. Para o bem e para o mal. E esta degradação aplica-se não a um partido em especial mas a todos. Pararam no tempo e servem lógicas puramente intestinas. Atenção, não estou contra a democracia indireta, estou antes indignado com a incompetência e a irresponsabilidade partidária. A prova disso é o pântano em que Portugal e a Europa estão mergulhados.

Por estes dias falava com alguns amigos da minha geração. Todos profissionais de excelência. Nenhum quer assumir qualquer responsabilidade governativa local ou nacional no futuro próximo. Mas todos querem e vão votar! Não deixam o respetivo desígnio em mãos alheias. Os partidos – a palhaçada tradicional – não verão um voto deles…

 

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