A revista Lancet acusa os governos e a Comissão Europeia de “explicitamente fecharem os olhos” aos efeitos da crise e da austeridade na saúde das populações, apesar de ser claro o aumento dos suicídios e outras doenças.
“Os governos da Europa e a Comissão Europeia explicitamente fecharam os olhos aos efeitos [da recessão] na saúde”, disse o diretor científico do Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde, Martin McKee, numa conferência de imprensa em Londres.
Na apresentação da primeira série da Lancet dedicada ao estado da Saúde na Europa, na última quarta-feira, Mckee sublinhou que a única conclusão possível, “depois de todo o esforço” que a comunidade científica fez para chamar a atenção dos governos, é que “há um claro problema de negação dos efeitos da crise, embora estes sejam muito aparentes”.
No artigo, o último de um conjunto de sete publicados na revista científica, os investigadores apelam às personalidades da saúde pública que quebrem o silêncio sobre os efeitos da crise e da austeridade na saúde dos europeus.
O artigo alerta que os efeitos da crise e da austeridade na saúde dos europeus estão já a manifestar-se, nomeadamente no aumento dos suicídios e das doenças mentais. Além desses impactos, que os cientistas consideravam previsíveis, há outros que os investigadores não esperavam, como o surgimento de surtos de VIH ou de doenças como o dengue e a malária na Europa.
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