Opinião – A CPLP existe?

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Ricardo Castanheira

Ricardo Castanheira

Na mesma semana em que se confirmou que a recessão continua na Europa, e em Portugal especialmente, com crescimento negativo acentuado e que os números do desemprego atingiram o máximo histórico.

Ao mesmo em que um relatório sobre o impacto da crise europeia, pela Cáritas Europa, demonstra que, em 2011, em Portugal, a taxa de risco de pobreza subiu para 18%, o que representa mais de 1,9 milhões de pessoas nesse limiar de sobrevivência, uma notícia animadora (pelo menos) chegou pela boca de Obama.

O Presidente americano anunciou que deseja criar entre os EUA e a UE uma zona de comércio livre a nível mundial. Agora, resta ver quais as restrições aduaneiras a superar, quais os subsídios a eliminar, quais as regras regulatórias a alterar, etc etc. Enquanto o pau vai e vem folgam as costas, mas não deixa de ser um bom sinal.

Os efeitos deste acordo serão positivos para Portugal, porém não temos tempo para esperar, pelo que o ideal seria olharmos de uma vez por todas para o espaço lusófono e tentarmos fazer dele a nossa janela de oportunidade. Criarmos no âmbito da mumificada CPLP, mais do que uma rede diplomática de canapé e folclore, uma rede económica e comercial de vantagens recíprocas. Por exemplo, em Janeiro do presente ano, Portugal com o Brasil teve um superavit comercial de US$ 18,3 milhões.

É bom! Portugal exportou para o Brasil um total de US$ 66,6 milhões e as empresas brasileiras exportaram US$ 48,3 milhões para Portugal. Em ambos os casos bastante menos que em Janeiro de 2012. Mas para termos a real percepção do que isto representa: o peso relativo de Portugal no comércio externo do Brasil representa nas exportações brasileiras 0,3% e nas importações do Brasil também 0,33%. Apenas!! Se observarmos os números com outros países da lusofonia as oportunidades de crescimento repetem-se. Mais do que isso, os fluxos de emigração portuguesa para esses países é crescente, assim como a busca de chances comerciais por empresários.

Apesar de tudo, no espaço da CPLP, os processos para obtenção de vistos são um pavor, o tormento burocrático para abertura de empresas não termina nunca, o reconhecimento de graus académicos não existe, as pautas aduaneiras são aberrantes ataques à competitividade, etc etc. O que estamos à espera para fazer do tão apregoado espaço da lusofonia uma verdadeira e justa zona de comércio e trabalho livres mais do que uma mera fábula histórica?

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