Nuno Encarnação

Temos assistido na classe política uma estranha forma de se atacar.

Hoje, para se ser político não se pode ter passado. Mas se não tem passado é rapidamente apelidado de boy, de jovenzinho sem experiência.

Um político pelos vistos tem de ter tido uma vida imaculada, uma vida Académica com média de 20 e uma vida profissional (no privado) que nunca tenha tido ou venha a ter negócios com o Estado.

Quem mais acusa esta classe política é a própria classe, o poder judicial e (talvez por tentação) algum jornalismo.

Vejamos exemplos, o Dr. Franquelim Alves não podia ser Secretário de Estado porque trabalhou meses na SLN e ajudou a desmascarar uma Banco feito de más práticas e de maus negócios. O Eng.º Jorge Coelho não podia ir para a Mota Engil porque tinha sido Ministro das Obras Públicas (tal como o Eng.º Ferreira do Amaral que 12 anos depois de sair de Ministro foi para a Lusoponte). O ex-Secretário de Estado do Eng.º Sócrates (o Dr. Costa Pina) não podia estar na Galp Energia porque foi ele quem fez a última parte da privatização da mesma.

Um autarca não pode exercer funções porque foi constituído arguido, ou foi acusado pelo Ministério Público. Antigos autarcas, não podem ir para o Governo porque lhes pode aparecer a acusação num processo (e não sentença), correndo riscos de causar mau estar ao Governo.

Um político é uma pessoa como as outras, provém sempre do voto popular. Tem direito a errar como os outros que nele votam, mas tem sempre uma mira apontada para ser acusado por tudo e por nada. Não pode beber, fumar ou conduzir em excesso de velocidade. Um Político tem de saber sempre dar os melhores exemplos. Se continuamos por este caminho, os Políticos não podem ter passado e provavelmente não podem ter futuro.