Opinião – Radiografia política

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LUCÍLIO CARVALHEIROLucílio Carvalheiro

O “contrato político” dos eleitores vs políticos, para a definição do regime democrático, pressupõe que os lideres políticos se comportem como Homens de Estado. Tenho por certo que isso não acontece e facilmente se demonstra.. Também acontece ser esse um dos pontos em que a ruptura do cidadão com a classe política se evidência.

Os líderes partidários estão sempre mais preocupados com a imagem do que com a realidade do sistema político real. Por isso, recorrentemente, concluímos pela falta de autenticidade dos seus propósitos. Quanto aos princípios a distância entre as teses – propostas, promessas eleitorais – e as hipóteses de concretização são constantes, frequentemente, diametralmente opostas.

Vejamos alguns exemplos significantes de toda esta confusão política. Por puro aproveitamento circunstancial, Passos Coelho chegou a líder do PSD, o mesmo tendo acontecido a António José Seguro como líder do PS. Por táctica, mas descurado de qualquer estratégia com sentido de Estado, Passos Coelho chumba o PEC IV, provoca a crise política, “ganha” o Poder. Seguro, por táctica, mas, igualmente, descurado de qualquer estratégia de sentido de Estado ganha o estatuto de líder da oposição, todavia, colaborante com o Poder – abstenção do Orçamento de Estado 2012, aprovação de todos os diplomas legislativos relevantes como, por exemplo, o Contrato de Trabalho. Acontece, pois, que o exercício político por detrás da cortina não esconde que toda e quaisquer expressões semânticas para “inglês ver” (eleitor) não passam de discursos dispensáveis que não convêm a um Povo coberto de chagas abertas: desemprego, impostos elevadíssimos, são dados factuais sintomáticos.

Ora, é preciso esquecer tudo isto para consagrar integro o mais explicito embuste político que é a actual realidade política nacional. De modo que o conteúdo político vigente perde sentido, substância e possibilidade para ver se conseguimos compreender o dever de o “seguir” quando na oposição se defende ser proibido fazer e no Poder ser necessário fazê-lo.

Precisamente. Os partidos políticos são organizações em que seria útil e apropriado serem mais alguma coisa que uma agremiação de “uma carreira em linha” esperando uma fatia do bolo uns, os dirigentes nacionais, umas migalhas do bolo, outros, os dirigentes locais. Seria, repito, apropriado fazê-los encarar a realidade política global – Sentido de Estado – algo que se veja e que possa ser apoiado ou combatido.

Pois bem. Daqui se infere que não surpreende o Governo PSD/CDS não fazer outra coisa que não seja andar a correr atrás dos factos que lhe são exógenos; há espera desses factos e segui-los tem sido o caminho escolhido pelo PS liderado por António José Seguro. O que não faz muita diferença.

Por tudo, não causa estupefacção que a “crise política” esteja sempre presente, seja no Governo, seja no PS. Até porque motivos de revolta política dos cidadãos, seja qual for a sua filiação ou simpatia partidária, são pois de sobra.

 

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