Opinião – Eleições em 2013

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24-4-2003

Foto de pedro monteiroElsa Ligeiro

Ao contrário de muitos portugueses, estou optimista para o ano de 2013.

Sei por experiência de vida que há sempre um limite para a ignorância e a incompetência.

E o que sustenta parte do meu optimismo é 2013 ser um ano de eleições autárquicas.

Acredito que a campanha servirá para demonstrar o quanto os autarcas portugueses contribuíram para que este país desaproveitasse olimpicamente os fundos de apoio comunitário que nos chegaram de Bruxelas.

A recente lei que impede os autarcas de se recandidatarem a mais de 3 mandatos, e a enorme polémica que gerou, é um sinal da degradada organização política em Portugal: Presidentes de Câmara eleitos com um enorme défice de cultura democrática.

Castelo Branco é um bom exemplo da evolução de um salazarismo cinzento e de brandos costumes, para uma democracia pouco participativa e com traços de paternalismo.

Os albicastrenses, e os outros eleitores do concelho, esquecem amiúde que os eleitos autárquicos são pagos, muito bem pagos, todos os meses, para gerirem um orçamento que pertence a todos os cidadãos contribuintes (uma ideia revolucionária que nos chegou com o 25 de Abril).

E que é uma equipa que deve governar um Concelho. Com valores e ideais que devem responsabilizar cada um dos elementos eleitos (sem esquecer os eleitos para serem oposição).

Por isso é que há vereadores a tempo inteiro que têm a responsabilidade de gerir o orçamento camarário com a maior das transparências e não, como um dia afirmou o actual presidente que o ter ganho as eleições o legitimou a fazer o que bem entende, como recompensa da sua vitória eleitoral.

Um pensamento incompatível com uma Europa civilizada. Da qual recebemos apoio para desenvolvimento regional e não para suportar megalomanias presidenciais com projectos sem sustentabilidade a médio e a longo prazo.

Projectos megalómanos que um dia todos vamos ter que pagar, até os que nunca apoiaram esses delírios de grandeza fátua.

É verdade que as listas e os programas eleitorais, densos de linguagem técnica e demagógica que os partidos políticos repetem em todos os concelhos como se todos eles vivessem a mesma realidade, afasta a participação activa de qualificados cidadãos do desenvolvimento social da sua região.

E a responsabilidade é de quem dirige os Partidos Políticos que os reduziram a centros de emprego público para medíocres, quando deviam ser fonte de ética e de formação cívica.

Apesar de tudo, encaro as novas eleições autárquicas de 2013, em tempo de crise profunda, como uma real possibilidade de mudança no paradigma democrático das autarquias.

Onde, finalmente, seja possível conhecer as ideias e opiniões de quem nos pede o voto, em áreas tão diversas como a acção social, a educação, os transportes públicos, o turismo e o lazer, por exemplo.

Espero dos eleitores essa exigência, mais do que dos políticos que nos pedem o voto como vendedores de ilusões (o esbanjamento em publicidade da tolice é profundamente ofensivo para os cidadãos em dificuldade), com uma posição determinada sobre o futuro.

Porque o futuro nunca é uma fatalidade, mas um desafio que nos deve motivar a todos.

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