É quase impraticável, para mim, continuar a viver neste mundo de lamentações que é o nosso. Mas será que quem se lamenta quererá trabalhar? Há 850 mil desempregados; há, em consequência, mão de obra disponível. Importa-se 85 por cento do que se consome e há que importar. Donde para nos reerguermos – deixando de estar ajoelhados ao sabor das ordens dos nossos credores –, levantar, olhar de frente quem nos quer bem, temos que produzir 85 por cento do que se consome. Não às importações! Europeização como esta não serve a ninguém. Interrogue-se! Se houver uma calamidade física, química, biológica, despertada pela Natureza ou pelo Homem, ou, se as nossas fronteiras estiverem ou forem bloqueadas, as aldeias têm que alimentar as vilas, as vilas alimentarem-se e alimentarem as cidades; as grandes cidades têm que se despovoar e voltar às aldeias, vilas ou pequenas cidades. A fome comanda a vida; donde, a primeira prioridade é implementar a agricultura e pescas e todos queiram ou possam trabalhar, e, não como agora, escravizam quem trabalha e o Estado. Lamentando-se que o subsídio não chega, não por estarem doentes, mas na realidade, por não querem trabalhar. Todos somos responsáveis desta subsídiodependência e mendicidade em que se caiu. Avisei que a agricultura era uma atividade estrutural. Até prometeram viabilizar o Cachão, o que não foi feito. Sou assim, talvez, de todos nós o menos responsável. Informei e avisei que todos estávamos na disposição de dar 5a 10% de tudo o que ganhávamos – avisei a figura central do Estado. Ela também anuiria – para sairmos do atoleiro em, que estávamos a cair. Ouvidos moucos. Agora, tira-se mais – desemprego, maior atoleiro…
Cidadãos do meu país. Vamos deixar de ser Poetas, para não dizer patetas.
Vamos às realidades. 1.ª realidade – A dívida soberana deste país – que é o nosso país – ultrapassa os 190 biliões de euros. Cada um de nós deve neste preciso instante, cerca de 20 mil euros ao Estado. O juro que se paga por esta dívida é astronómico.
2.ª realidade – Importamos 85 por cento do que consumimos, vamos inverter a situação para que, daqui a três quatro anos, sejamos auto suficientes em alimentos.
3.ª realidade – Vamos reanimar e revitalizar as indústrias têxteis e produção e utilização de energia electromagnética.
4.ª realidade – Austeridade. Todos temos que trabalhar na medida dos nossos conhecimentos, apetidões e querer trabalhar. Não ao viver-se à custa dos que trabalham, podendo-se trabalhar.
5.ª realidade – Um curso é uma aptidão acrescida, não há garantia de emprego e, bom emprego. Cuidem as universidades e politécnicos de criar empregadores e não revoltados funcionários, empregados ou trabalhadores!
Cidadãos do meu país. Peço-vos perdão por estar enganado e vos ter enganado. Enganado porque não estava suficientemente informado sobre o estado em que se encontrava o país. Enganei-vos, porque se estivesse a informação que tenho, hoje, não vos teria prometido, o que julgava ser possível fazer e é impossível cumprir.
Aprendi que, esta luta de garnizés sem preparação que lutam para conquistar o poder, só acelerará a ruína da nossa pátria, que tanto amo e amamos. Aprendi que a juventude tem ambição, mas não tem formação e conhecimento para governar o país. Cesso o jogo de palavras e acusações e vamos ao fundamental:
– O país está neste estado porque a partir do 26 de Abril viveu-se em conflito permanente. Entre os que tinham aptidão para mandar e realizar e aqueles, o da irresponsabilidade, a darem direitos sem imporem deveres. Darem o que não tinham possíbilidade de dar nem prometer. A todos eles só interessava o voto para vencer e, os vencidos bloquearam os vencedores – através de propaganda enganosa para tentar conquistar ou reconquistar o poder sabendo que uma vez este conquistado não sabiam o que dele fazer para cumpriri o que tinham prometido. É esta a situação em que nos encontramos .
6.ª realidade – A UE tem que ajudar e colaborar para a saída da crise, senão não será união, mas escravidão. Isto nunca! Ajudar fornecendo tecnologia acrescida e meios. Mas adquirindo o direito de controlar os gastos e rendimentos e as aplicações.
7.ª realidade – Não estou apegado ao poder, julguei ser possível dar esperança acrescida, nem que fosse esperança muito debilitada, aos portugueses. Tenho-lhes exigido maiores sacrifícios e é minha convicção que sem o que atrás se disse, cada vez será maior o precipício e a perda de esperança.
Cidadãos do meu país. Eu proponho:
1 – Um governo em que figurem todos os partidos, com compromisso de honra de respeitar o programa firmado sem traições. Nesse governo tanto posso ser Senhor como apagado Servidor.
2ª – Eu sou contra eleições antecipadas, que serão eleições de miragem… de promessas esteriotipadas… vazias… ocas… sem sentido. Irreais!
3.º – O senhor Presidente da República decidirá. Não se pode perder tempo. Um governo de coesão será a solução. – 14-12-12