O presidente do Instituto de Apoio às pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) disse hoje que “o memorando da ‘troika’ foi negociado demasiado à pressa” e sem acautelar o impacto no tecido empresarial nacional.
“Se querem a minha opinião pessoal, penso que não foi negociado com consciência e perfeita tomada de sentido naquilo que seriam as consequências às empresas portuguesas”, sustentou Luís Filipe Costa em Leiria, durante uma conferência sobre “O Financiamento e a Recapitalização das Empresas”.
O presidente do IAPMEI referia-se à desalavancagem da banca imposta pelo Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional que “não pode ser sido feita em 24 meses”, quando, salientou, tivemos mais de uma década a subir os níveis de crédito aos particulares e às empresas”.
Luís Filipe Costa diz que esta situação “era perfeitamente previsível com as descidas de ‘rating’ que estavam a acontecer, que os bancos estrangeiros iriam sair das empresas públicas nacionais, nomeadamente das grandes empresas de transporte, e que esse crédito teria que ser substituído pela banca nacional”.
O resultado, para o responsável, está à vista: “menos crédito disponível para as pequenas e médias empresas” e “uma situação muito grave de acesso ao crédito”.
A situação grave é “ampliada” porque as empresas portuguesas “já tinham um nível de dependência da banca mais elevado que a média europeia e tinham já um nível de autonomia financeira dos mais baixos da Europa”, frisou.
Luís Filipe Costa definiu a subcapitalização das pequenas e médias empresas como “muito grave” e defendeu que a recapitalização passa, por exemplo, por fatores de incentivos fiscais e de ganhos de escala empresarial.
“Ainda temos um sistema fiscal que ainda não é amigo dos donos das empresas, dos sócios das empresas, de as recapitalizarem e colocarem lá os lucros da sua atividade anual”, assinalou o presidente do IAPMEI.