O Festival Internacional de Teatro da ACERT (FINTA) arranca amanhã, quarta-feira (5 de dezembro), em Tondela, com uma programação que privilegia as produções da companhia da casa, como a estreia do “Sermão aos Peixes”.
Apesar dos tempos de crise, com dificuldades financeiras que afetam quer o orçamento da ACERT, quer o dinheiro disponível nas carteiras dos espetadores, a associação cultural não cruzou os braços.
“Este ano a programação é fundamentalmente nacional, ainda que tenhamos a participação de um grupo da Galiza. Mais não fizemos do que, como durante todo o ano, uma programação com o máximo de dignidade, que possa atrair o público”, disse à agência Lusa José Rui Martins, da ACERT.
A companhia da casa, o Trigo Limpo Teatro ACERT, estreia no sábado o “Sermão aos Peixes”, proferido pelo padre António Vieira, em 1654, mas que considera manter a atualidade.
Durante o espetáculo, Pompeu José e Raquel Costa interpretam um casal de sem-abrigo, que dá voz ao texto do sermão.
Segundo Pompeu José, este trabalho foi concebido a partir de memórias e experiências que foi colecionando desde os tempos da adolescência.
Agora, “volta tudo a ser lançado para o caldeirão: sermão, memórias, aquário, casal de sem abrigo, o Gustavo a tocar, o canto de uma rua grafitado pelo Tavares, o engenho de todos os outros que embarcaram connosco nesta aventura, alguns brinquedos velhos do Afonso”, explica.
José Rui Martins avançou que o festival será também uma oportunidade de ver outras produções do Trigo Limpo, como “A Cor da Língua”, o “20 Dizer” e os “Aperitivos Teatrais”.
O Peripécia Teatro, o Teatro e Marionetas de Mandrágora e a Voadora (da Galiza) são outras companhias que apresentam os seus trabalhos no FINTA, que termina domingo.
O festival vai estender-se à cidade, com apresentações no sábado à hora de almoço no Café Torres e na antiga Casa Figueiredo.
“O FINTA teve sempre uma preocupação muito grande de sair fora de portas. Sempre procurámos que qualquer dos nossos festivais e das nossas realizações possa chegar onde o público está e entrosar-se o mais possível na vida local”, justificou José Rui Martins.
A programação do FINTA é completada por exposições, formação de teatro e de desenho, uma “noite dos abraços” a João Luís Oliva e o lançamento do livro “Multiculturalidade, identidade e mestiçagem”, de João Maria André.