Opinião – Prémios literários

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Joaquim Valente

O regime democrático instalado em Abril de 74, teve desde o início preocupações legítimas de sobrevivência, de manutenção e consolidação, e tem resistido de uma forma positiva a vários impactos como seja a grande crise petrolífera, a descolonização portuguesa, etc..

O regime democrático encontrou o país num estado de grande atraso e pobreza, resultado de meio século de ditadura cuja nota dominante era uma sistemática resistência ao progresso e ao desenvolvimento. O quanto o país se desenvolveu nestes anos de democracia, atestam-no os índices de sucesso alcançados a nível das áreas da saúde e da educação, reconhecidos nos respectivos organismos internacionais e comparáveis com os países ditos evoluídos.

Com a adesão de Portugal à CEE poder-se-ia dizer que o regime democrático encerrou um ciclo, em que a democracia se consolidou, um país virado para o futuro e integrado na Europa, hoje quase seria impensável viver noutro regime, que não fosse a democracia. Os fundos comunitários na sua maioria têm sido canalizados para o litoral, o que tem também contribuído para agravar as assimetrias regionais sendo factor de prejuízo para o desenvolvimento harmonioso do país.

A cidade da Guarda na Beira Interior, é uma região com naturais potencialidades e recursos, com culturas e tradições próprias que não devem ser esquecidas ou menosprezadas no contexto nacional e europeu e o conhecimento da nossa região nas várias vertentes tem-nos dado a possibilidade de sermos mais Beirões em qualquer espaço do mundo, apanágio para a concretização de vários projectos políticos.

Muitas vezes as crises conjunturais, as reduções orçamentais e o “desvio” de meios financeiros desta região para cumprimento de objectivos nacionais, impossibilitam a execução de alguns desses projectos, independentemente do nosso querer e empenho.

Nos anos de existência do poder democrático temos assistido a um esforço considerável dos eleitos locais na implementação de políticas culturais e sociais no sentido da promoção e desenvolvimento de hábitos e práticas dirigidas para os vários segmentos populacionais, tendo em vista a sua formação e bem estar. Essas políticas traduziram-se entre outras coisas na criação de prémios literários incentivadores da produção cultural e da revelação de personalidades emergentes no mundo das humanidades.

A Câmara Municipal da Guarda, no dia da cidade, 27 de Novembro, faz entrega do Prémio Eduardo Lourenço 2012 a José Maria Martins Patino, um eminente escritor e teólogo Jesuíta de Espanha, decisão tomada pelo Júri respectivo presidido por Daniel Hernandez, Reitor da Universidade de Salamanca. Falar de José Maria Patino é algo de fascinante e inacabado dado o seu forte pendor humanista e social.

José Maria Patino nasceu em Lumbrales, Salamanca, licenciou-se em Filosofia, doutorou-se em Teologia e tem no país vizinho uma importante e interessante actividade social, presidindo à Fundación Encuentro que numa ampla zona transfronteiriça como é esta do eixo Guarda/Salamanca tem tido uma acção importante no desenvolvimento socioeconómico e na coesão territorial. Ter José Maria Patino com as gentes da Guarda né um privilégio único que esperamos vir a merecer.

Temos também hoje a oportunidade de aqui prestar homenagem a Manuel António Pina que se despediu de nós no dia 19 de Outubro de 2012, outro dos prémios literários desta cidade. Privámos por várias vezes com Pina a quem o nosso Teatro Municipal prestou homenagem pública em devido tempo. Nesta fase difícil da vida dos portugueses, Manuel Pina ainda faz muita falta ao país.

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