Opinião – Os amigos e os insensíveis aos animais

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Mário Nunes

Aguardava a hora da partida do autocarro “Expresso” que a transportava para Coimbra. No vidro da gare ouviu-se um forte estrondo. Uma pomba, desorientada, caiu, inanimada, no chão. Com o auxílio de outro passageiro recolheu e aconchegou a ave numa caixa para não morrer sem auxílio. Trouxe-a, ferida, nessa viagem, para a cidade do Mondego. A pomba, depois de alguns dias em recuperação, arrebitou. Libertada, arranjou companhia e, desde, então, vem, frequentemente, pousar na varanda da casa que lhe deu a liberdade, como a saudar os amigos salvadores.

No Externato Penafirme -Torres Vedras foi rendido o director por atingir a reforma. Outro assumiu o cargo e ao deparar-se com o património recebido de cães e gatos que o seu antecessor lhe deixara, pensou em desfazer-se da herança. Expulsar os animais e proibir que os alimentassem, mesmo aplicar-lhe a eutanásia. Alguém, ao aperceber-se das intenções do insensível director, colocou nas redes sociais o apelo para os salvar. Subscrevemos a petição, que nos foi enviada por pessoa amiga. Terá tido a coragem de sacrificar aqueles 40 cães e gatos?

Na Solum, graças à obra deixada pelo Dr. Mendes Silva, há espaços verdes e arborização saudável. Dezenas de aves habitam e nidificam nas frondosas árvores, sobretudo nos cedros. De um dia para o outro deixámos de ouvir, quando o sol nasce, o canto das rolas e de outros pássaros e de os ver. Deslocámo-nos ao vasto espaço verde, que fica em frente do nosso andar (entre o pavilhão da Académica e o estabelecimento comercial Tamoeiro), e duvidámos do que os nossos olhos viam. Mais de uma dezena de rolas ( 14 ), dois melros e três pardais jaziam mortos no chão. Procurámos as causas. Recipientes com líquidos e alimento em diversos lugares permitiram que elaborássemos o nosso juízo de valor. Envenenamento? Aliás, nos dois dias seguintes mais pombas mortas depositámos no caixote do lixo. Porque este genocídio? Aconteceu na Solum!, onde brincam crianças e se passeiam os cães.

Em Esposende, uma baleia encalhou e veio ter à praia. Viva, aguardou, depois de alertada a entidade competente (um responsável até falou no telejornal da SIC), regressar ao mar ali a alguns metros. Porém, a insensibilidade dos homens do poder foi tão grande que, volvidas quatro horas e perante a indignação dos populares que assistiam, impotentes, e afastados para não se aproximarem e ajudar, a baleia, sem auxílio, morreu na praia. Os senhores da entidade marítima de jurisdição da praia nada fizeram! Mas, a retirada do corpo, para não apodrecer no local, custou milhares de euros.

Ainda na Solum, um condutor de automóvel em exagerada velocidade atropelou, intencionalmente, um gato que estava parado na rua Feliciano Castilho. Parou à frente e sorriu. Passávamos na altura e censurámos o seu acto criminoso. Insultou-nos, dizendo que os gatos não são para andar na via pública.

Ao divulgarmos estes actos – um de amor e os outros de desumanidade e maldade -, queremos provocar a reflexão. Animais e outras espécies vivas são, para os insensíveis à natureza, semelhantes a milhões de seres humanos, “descartáveis”. Hoje, dia de Finados, lembramos, que jazem nos cemitérios, ao lado dos “descartáveis”, gananciosos, egoístas, ricos, poderosos e os despidos de amor e sensibilidade. A morte chegou a todos.

 

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