Fio de Prumo – PME – O desafio da internacionalização

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Luís Parreirão

O nosso tecido empresarial de PME tem-se repartido entre o mercado interno e os mercados internacionais com claro predomínio para aquele. É, aliás, um rematado disparate, de potenciais consequências dramáticas, acenar com a internacionalização à totalidade das PME como solução para os problemas imediatos e, sobretudo, como forma directa e milagrosa, de compensar um mercado interno que vai estiolando de forma avassaladora a cada dia que passa.

Sem querer dar lições a quem delas não carece, mas tão só partilhando alguma experiência adquirida ao longo da vida, permito-me elencar alguns tópicos que me parecem relevantes para garantir que a internacionalização das PME – entendida quer como actividade de exportação quer como investimento directo no estrangeiro ou cooperação técnica internacional – alcance, ou possa alcançar, resultados satisfatórios.

Do ponto de vista das empresas é essencial assegurar que quando partem para estes processos reúnam, entre outras, as seguintes condições: Fortes competências de gestão que as habilitem a actuarem em contexto internacional; Estrutura de capitais equilibrada e adequada a suportar os inevitáveis investimentos, se necessário abrindo o capital a novos accionistas; Disponibilidade para investir, nomeadamente também tempo e esforço, no conhecimento dos novos mercados e para compreender as suas diferenças e especificidades, desde logo as culturais; Abertura e vontade para construir parcerias com os empresários locais; Conhecimento claro do quadro legal em que se vão movimentar; Capacidade para progredir passo a passo sem correr riscos que não pode assumir ou não sabe gerir.

Já do ponto de vista dos produtos, bens ou serviços a transaccionar, relevaria o seguinte: É essencial começar por ter uma “boa ideia ”, de preferência criativa e inovadora; A inovação, a investigação e o desenvolvimento prosseguidos de forma contínua são o factor diferenciador e gerador de valor; Ser inatacável no que respeita à qualidade, à diferenciação dos produtos e à criatividade, bem como à satisfação de necessidades dos clientes locais; Ter como preocupação essencial fazer a correcta demonstração dos produtos, preferencialmente de forma presencial, quer através de parceiros locais quer de uma imprescindível presença local; Adequar os bens e serviços ao estádio de cada mercado, com humildade e respeito; Optar por mercados/produtos nos quais as vantagens relativamente à concorrência sejam significativas e positivas.

A decisão estratégica de internacionalizar pode ser para muitas empresas o caminho certo, tanto mais que segundo um estudo efectuado em 2009 em 33 países europeus, se concluiu que: As PME com actividades ao nível internacional viram crescer as suas contratações em 7% contra somente 1% nas empresas sem actividade internacional; As PME com actividade internacional são mais inovadoras: 26% destas empresas apresentam produtos ou serviços inovadores no seu país ou no seu sector de actividade, contra apenas 8% para as restantes empresas. Esta é uma matéria para a qual não há soluções ou caminhos únicos. Acredito, no entanto, que à volta de empresas sólidas e de boas ideias estará parte essencial da chave do sucesso.

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