A emigração qualificada é uma oportunidade para criar um “choque” social e económico, se o país souber beneficiar e preparar o regresso dessa mão-de-obra, disse o diretor-geral da Volkswagen Autoeuropa.
“Portugal só evoluiu quando houve um choque de retorno de emigrantes”, sublinhou António Pires de Melo, durante uma conferência que teve lugar em Leiria, promovida pela associação empresarial local.
“Um dos paradigmas atuais é aquele de que estamos a perder mão-de-obra qualificada, mas não devemos desprezar esse potencial”, frisou, uma vez que estamos perante “uma oportunidade para criarmos um novo choque quando estiverem criadas as condições para [os emigrantes] regressarem”.
O responsável da Autoeuropa sustentou que “um profissional que fique em Portugal dificilmente vai evoluir”, sendo aconselhável uma experiência profissional no estrangeiro.
Esse profissional será “mais capaz, quando regressar, de apontar as fraquezas e as potencialidades” nacionais, defendeu.
Convidado pela Nerlei – Associação Empresarial da Região de Leiria e pela D. Dinis Business School para falar sobre a “Tendência de Evolução da Indústria na Europa”, António de Melo Pires salientou que “o custo laboral na Europa, apesar da crise, ainda é um problema”.
O diretor-geral da Volkswagen Autoeuropa frisou que a resposta à mão-de-obra chinesa, cujos “trabalhadores trabalham seis dias por semana, dez horas por dia”, passa pelo “aumento da produtividade e da qualificação técnica”.
O gestor definiu ainda como ameaças para Portugal e para a Europa “a ausência de mecanismos de flexibilidade laboral, bem como as alterações demográficas e envelhecimento dos trabalhadores da indústria automóvel europeia”.