Apitos e apupos marcam passagem de chanceler alemã por Belém

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Apitos, insultos e apupos marcaram a entrada e a saída da chanceler alemã Angela Merkel do Palácio de Belém, pela voz de algumas dezenas de manifestantes que concentrados nos jardins frente ao palácio.

 

Ainda o cortejo automóvel da chanceler não tinha chegado à Rua de Belém e já se ouvia “Fora daqui fora daqui”, palavras gritadas por manifestantes que, à distancia imposta pelas grades e pelo dispositivo policial, se concentravam desde o final da manhã no jardim frente ao Palácio de Belém.

 

“Fora, fora daqui, a crise a Merkel e o FMI”, era uma das palavras de ordem que mais se ouvia, mas os assobios e o volume do protesto subiu quando, pelas 12H37, o primeiro carro da comitiva subiu a rampa de acesso ao Palácio.

 

Além das palavras de ordem, alguns manifestantes levaram faixas negras, sustentadas por balões de hélio onde se lia a mensagem “Portugal não é Merkeldoria”.

 

Com a ajuda uma pessoa que lhe traduziu as frases de português para alemão, Isabel Cortês levou um cartaz palavroso cuja mensagem central é “queremos um pagamento justo da dívida”.

 

Angela Merkel “é a pessoa com mais influência no funcionamento da União Europeia”, disse Isabel Cortês à agência Lusa, criticando o Governo português pela sua “atitude passiva” face aos “métodos da troika”.

 

“Não sei como vamos poder pagar a dívida de uma forma viável, mas disso a culpa não é da Merkel é do Governo”, afirmou.

 

Na parte traseira do cartaz, Isabel Cortês colou uma foto de Angela Merkel e outra do ministro Miguel Relvas com uma legenda da chanceler a mandar o ministro estudar escrita em alemão: “Relvas geh zur euni”.

 

Entre duas árvores do jardim do palácio, um grupo de jovens pendurou uma faixa negra pintada a letras vermelhas onde se lê “Não negociamos com terroristas”, escrita e inglês.

 

Quando os veículos da comitiva da chanceler alemã saíram do palácio de Belém, depois do encontro com o Presidente da República, os protestos voltaram a subir de tom, mas rapidamente esmoreceram.

 

“A gaja já se foi embora?”, perguntava uma manifestante. “Já, agora vou almoçar com ela a S. Julião da Barra, não sei é onde pus o convite “, respondia-lhe outro, em tom irónico.

 

Um fuzileiro na reserva, que também se juntou ao protesto, criticou o grande aparato policial que rodeia a visita de Angela Merkel, queixando-se de que o impediu de chegar ao monumento aos combatentes, no dia em faz 44 anos que dois camaradas do seu destacamento na Guiné morreram em combate.

 

“Até os polícias me disseram que estavam envergonhados por estar ali a fazer aquele papel”, afirmou.

 

Pelas 13H40, mantinham-se atrás das grandes frente ao Palácio de Belém cerca de duas dezenas de pessoas, com algumas a seguirem já na direção do Centro Cultural de Belém (CCB), onde Angela Merkel deverá chegar depois do almoço.

 

A chanceler alemã está hoje em Lisboa para uma visita oficial de cinco horas, que inclui reuniões com o Presidente da República, com o primeiro-ministro e o ministro dos Negócios Estrangeiros e com empresários dos dois países.

 

Esta é a primeira vez que a chefe do Governo da Alemanha visita oficialmente Portugal e a deslocação acontece num momento em que internamente cresce a contestação ao programa assinado com a ‘troika’, estando previstas duas manifestações anti-Merkel em Lisboa.

 

 

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