Opinião – Brevemente, perto de si!

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Francisco Queirós

 

O tempo tem muitos tempos. O tempo actual preenchido de más notícias, intercalado por notícias péssimas, avança a um ritmo louco. A situação política e social do país está longe de ser hoje a que foi há alguns meses. Todas as semanas, todos os dias, o país muda. Sempre para pior! Graças às duas troikas, a externa e a nacional (PSD/CDS e PS), ao caminho escolhido e às medidas adoptadas, o país caminha a passos de gigante para qualquer lado, mas não para reverter a situação.

A imagem do Titanic a afundar-se tem estado presente em muitas reflexões. Há dias, um autarca em reunião do Conselho de Qualidade do município recorria a essa imagem. Pode parecer muito estranho que se esteja a discutir qualidade num momento destes. Parece que estamos a arrumar a cozinha do Titanic enquanto este se afunda a pique, afirmava. E é essa a sensação.

Os mais jovens e qualificados ou debandam ou preparam-se para isso. A cada dia que passa, cresce o número dos que ficam desempregados, dos que entram em insolvência, dos que passam fome. Como se diariamente milhares de portugueses sofressem um acidente. Como se várias pequenas embarcações fossem naufragando umas após as outras. Tanto mar, tanto mar! E tantas embarcações à deriva!

E entretanto há léguas e léguas que nos separam dos sonhos. “Sei que há léguas a nos separar”. E tanto mar! Como escreveu e canta Chico Buarque: “Sei, também, que é preciso, pá/ Navegar, navegar”. Afinal, “foi bonita a festa, pá/fiquei contente/ainda guardo renitente/ um velho cravo para mim”. Mas é bem verdade que se “já murcharam tua festa, pá, certamente esqueceram uma semente/ nalgum canto de jardim”.

O enorme navio afunda-se! Um naufrágio brevemente, perto de si! Há uma orquestra que não pára de tocar e muitos que se vão afogando. Mas há muitos e muitos que não desistem. “Tanto mar, tanto mar/ sei, também, quanto é preciso, pá/ Navegar, navegar/ Canta primavera, pá/ Cá estou carente/ Manda novamente/ Algum cheirinho de alecrim.” A força das ervas, das flores, da esperança, da vida que para ser vida é feita de luta. E há tanto e tanto mar… Pois então que se afunde a troika!

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